Você pode meditar até alcançar uma EQM (Experiência de Quase-Morte), sugere estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Se levarmos em conta a ideia de viver além de um corpo, ser incapaz de sentir dor ou tristeza ou até mesmo conhecer o “paraíso” (para os adeptos de religiões e crenças), a morte pode ser vista como algo bom – se encarada de forma que “existe algo do outro lado”.

A única parte ruim, por outro lado, é a incapacidade de acordar. No entanto, um número surpreendente de pessoas aparentemente é capaz de contornar essa situação, acordando para dividir suas experiências, segundo informações da IFLScience.

Experiências de Quase-Morte (EQMs), são situações em que as pessoas se aproximam do “além”, mas não o atravessam, voltando à vida nos últimos segundos.

Este “além” não significa de fato algo espiritual que está nos esperando do “outro lado”. Além, cientificamente, é usado como algo que não compreendemos ainda, e não entendemos exatamente como as Experiências de Quase-Morte funcionam em nível cerebral.

Embora sejam envoltas em descrenças e críticas, essas experiências são descritas em todo o mundo e há muito tempo. Talvez porque a ciência ainda é incapaz de fornecer uma explicação definitiva, as EQMs seguem sendo consideradas um dos fenômenos mais fascinantes da vida.

Um problema óbvio que a ciência enfrenta ao tentar estudar as EQMs é o fato de que, eticamente falando, ninguém pode prever exatamente quando uma pessoa vai morrer de repente. Sendo assim, a única forma de estudar tais experiências é através de pessoas que já passaram por elas.

Entretanto, segundo um estudo publicado este ano na revista Mindfulness, cientistas aparentemente descobriram que há uma forma de induzir EQMs de maneira segura. De fato, tal habilidade vem sendo aplicada há tempos por monges budistas altamente proficientes na técnica de meditação.

Durante três anos a pesquisa acompanhou 12 monges budistas conhecidos por serem meditadores avançados. Para serem elegíveis para o estudo, os praticantes de meditação tiveram que alcançar pelo menos 7 – equivalência padrão para identificar uma experiência de quase-morte – na Escala Greyson NDE durante uma EQM induzida por meditação.

Eles também tinham que estar livres de quaisquer problemas psiquiátricos em curso e abster-se de drogas.

Em seguida, através de uma série de entrevistas semiestruturadas, a equipe avaliou as EQMs, temas e fases que vivenciaram.

Conforme descrito no estudo, todos os participantes relataram que a EQM começou com eles conscientemente reduzindo o grau de conexão com seu corpo físico.

Os participantes se referiram a isso como um processo de “dissolução gradual”, “liberação do corpo” ou “desamarrar-se”.

Então, durante a fase seguinte da EQM, eles deixaram de ter consciência do tempo e espaço.Mais especificamente, afirmaram ter percebido que “tempo e espaço são fenômenos relativos e que de fato não existem”.

Já a terceira fase foi descrita com encontros com reinos e seres não-mundanos, incluindo lugares de tortura e reinos de ”fantasmas famintos”.

De acordo com o pesquisador Van Gordon, uma implicação chave para o estudo é que este seria viável – e ético – para pesquisas futuras sobre as causas da EQM.

No entanto, seria necessário recrutar meditadores avançados para avaliar em tempo real quaisquer mudanças na atividade neurológica de uma pessoa durante a experiência – coisa que principiantes em meditação certamente não conseguiram alcançar.

Fonte: IFL Science Foto: Reprodução / Taringa

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