Evidências sugerem que Big Bang quase foi confundido com fezes de pombos

de Merelyn Cerqueira 0

Em 1963, Robert Wilson e Arno Penzias, dois especialistas em radioastronomia, estavam trabalhando na Bell Laboratories, a fim de medir o brilho mínimo do Sol. No entanto, um som baixo e sibilante, semelhante à sintonização de um rádio, estava causando interferência, sinalizando a presença de uma radiação extra. Porém, os pesquisadores não sabiam de qual parte da Terra estava vindo, de acordo com a Science Alert.

Segundo informações da Smithsonian, eles teriam considerado o ruído como de rádio de cidades próximas, sequelas de detonações nucleares, sinais vindos dos cinturões de Van Allen e até mesmo movimentos de partículas carregadas oscilando no campo magnético da Terra.

Como tinha experiência em corrigir problemas práticos em telescópios de rádio, Wilson disse ter procurado por algo no instrumento ou ambiente que pudesse estar causando o excesso de ruído na antena. Então, eles notaram que uma dupla de pombos estava vivendo de forma imprudente dentro da antena de rádio, além de ter salpicado todo o instrumento com excrementos. Os pesquisadores consideraram que, de alguma forma, os pássaros poderiam estar causando o problema estático.

Logo, eles montaram uma armadilha para prender os pombos e colocaram os animais em uma caixa para que fossem transportados para longe dali. No entanto, mesmo com os pombos longe, as interferências continuaram, o que os levou a considerar que o barulho não era proveniente da Terra. “Nós estávamos ficando sem teorias, até que ouvimos a ideia sobre a radiação remanescente do Big Bang”, disse Wilson.

À época, Robert Dicke, um físico de Princeton, sugeriu uma teoria de que, se o Universo de fato tivesse sido criado após o Big Bang, um resíduo da explosão poderia ter ficado no espaço, sendo representado por uma radiação de fundo e de baixo nível que estaria se espalhando uniformemente por todo o Universo. A descoberta foi chamada de “radiação cósmica de fundo” e falava sobre um brilho fraco do Big Bang, como um sussurro da formação do Universo.

Para exemplificar melhor, poderíamos observar a mesma situação em uma televisão analógica ou rádio, como uma pequena interferência estática entre os canais representadas por assobios no áudio. Dessa forma, os cientistas consideraram que essa radiação cósmica que estava nublando a experiência poderia ser a primeira confirmação do Big Bang.

Por esse motivo, em 1978, Wilson e Penzias receberam um Prêmio Nobel de Física pela descoberta acidental. “Começamos procurando por um halo em torno da Via Láctea e encontramos outra coisa”, disse Wilson. “Quando um experimento dá errado, normalmente é a melhor coisa. A única coisa que vimos foi muito mais importante do que o que estávamos procurando. Esse foi realmente o início da Cosmologia Moderna”.

[ Science Alert / Business Insider ] [ Foto: Reprodução / Business Insider ] 

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