Você provavelmente vai querer saber sobre a FFI: Insônia Familiar Fatal

de Merelyn Cerqueira 0

Você já deve ter passado por algum período de insônia. Certamente a ansiedade excessiva lhe proporcionou noites em claro, um cansaço muito grande, e visíveis olheiras. 

No entanto, existe uma doença, geneticamente transmitida, que produz um sofrimento muito grande em quem é diagnosticado, pois além da insônia, ela vem acompanhada de diversos outros sintomas, e o pior:  não tem cura. Conheça a Insônia Familiar Fatal, ou IFF.

É algo terrível, mas que só algumas pessoas com falta de sorte conseguiram vivenciar. De acordo com o escritor científico David Robson, em uma entrevista para a BBC, o paciente diagnosticado com essa doença vive em uma espécie de vigília constante, que certamente resultará em morte. “É uma forma muito rara de insônia que mata, em poucas palavras. Ela é capaz de fazer isso em um período muito curto de tempo”, disse.

 Os sintomas aparecem lentamente, a manifestação pode demorar até 30 anos, e geralmente atinge homens na faixa dos 50 anos. No entanto, algumas dessas famílias, que já possuem no histórico evidências do aparecimento da doença, aprenderam a reconhecer os sintomas mais cedo. Como foi o caso de um homem chamado Silvano, que estava nos seus 50 anos de vida e sentiu os primeiros sintomas da FFI em uma pista de dança, em um navio. Em um relato para a BBC, o escritor David Robson contou o caso de Silvano: 

“Uma noite, enquanto estava na pista de dança do navio, Silvano se sentiu envergonhado ao descobrir que sua camisa estava encharcada de suor. Preocupado, ele foi até um espelho para ver o que estava acontecendo, e notou que suas pupilas haviam reduzido drasticamente a dois pequenos pontos pretos dentro dos olhos. Era o mesmo olhar vidrado que havia afligindo o pai e as duas irmãs, no início de suas doenças misteriosas. Ele sabia que isso era apenas o começo. Tremores, impotência e constipação poderiam seguir. Mas o sintoma mais terrível seria o desaparecimento de sono”.   

Silvano morreu poucos anos depois. De acordo com a patologia neurovegetativa da doença, ela pode avançar por até quatro estágios, causando confusão mental, sonambulismo, constipação, distúrbios no sistema nervoso, taquicardia, hipertensão, hipertermia e dificuldade para caminhar.

No entanto, antes de morrer, Silvano autorizou que seu cérebro fosse doado à ciência, na esperança de que eles pudessem descobrir alguma cura. Através dele, os médicos foram capazes de encontrar alguns danos substanciais na região do tálamo (núcleos de neurônios) que provavelmente foram resultantes da mutação genética transmitida pela família. Esse dano, segundo os médicos, impedia que os indivíduos com FFI entrassem na fase do sono profundo, que é extremamente necessária para a manutenção do cérebro.

Essa região também é responsável pela regulação do corpo, e quando se rompe, pode causar aquecimento, o que resultou na sudorese extrema de Silvano, além da dilatação das pupilas. “Essas ações impedem que o corpo se prepare para uma noite de sono”, explica David.

Como mencionado, a doença ainda não tem tratamento ou cura, no entanto, se você passou algumas noites em claro e já está desesperado pensando estar em algum estágio da FFI, acalme-se, essa doença só é transmitida geneticamente e é muito rara.

[ NYMag / Boa Saúde ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

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