Um “gene do prazer” que torna o abandono do vício de fumar mais difícil foi descoberto por cientistas. Uma nova pesquisa sugere que fumantes são mais ou menos capazes de abandonar os cigarros, dependendo da forma específica de proteína que eles carreguem. Os resultados poderiam abrir caminho para tratamentos mais personalizados para ajudar as pessoas que desejem abandonar seus hábitos insalubres.
O gene em questão, apelidado de Taq1A, influencia o processamento da dopamina – hormônio no cérebro que está associado ao prazer -, que é liberada quando uma pessoa fuma. Os cientistas da Universidade de Zhejiang, na China, descobriram que pessoas com uma variação do gene, conhecida como A2 / A2, tiveram mais facilidade para largar os cigarros. A variação foi comparada com indivíduos com as chamadas A1 / A1 ou A1 / A2.
“O tabagismo é a causa evitável mais comum de muitas doenças que contribuem para cerca de seis milhões de mortes no mundo a cada ano. Estudos com gêmeos e familiares indicam que o comportamento de fumantes é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Existe um interesse considerável na identificação de fatores genéticos que incentivam a cessação do tabagismo, do qual a herdabilidade é estimada em cerca de 50%”, disse o Dr. Yunlong Ma, da Universidade de Zhejiang.
Os pesquisadores reuniram dados de 22 estudos anteriores, envolvendo um total de 9.487 pessoas. Seus resultados, publicados na Transnacional Psychiatry, soma à crescente evidência de que os genes podem ser a razão pela qual alguns fumantes não conseguem largar o vício. O aumento das concentrações de dopamina poderia desempenhar um papel no desenvolvimento da dependência de nicotina.
Estudos anteriores focaram em determinar se as mutações de genes que controlam a dopamina poderiam contribuir para o comportamento do fumante. Alguns indicaram que as pessoas com certas mutações no gene DRD2 são mais propensas ao alcoolismo, uso de drogas e outros comportamentos de dependência, incluindo o tabagismo.
“Em resumo, os resultados das atuais meta-análises revelam uma associação estatisticamente significativa entre o polimorfismo DRD2 com a Taq1A (mutação) e a cessação do tabagismo em uma grande população caucasiana. Nossos resultados fornecem evidência de suporte para uma investigação mais aprofundada da medicina personalizada para o abandono do cigarro, considerando os genótipos individuais”, acrescentou Ma.
O especialista pretende realizar mais estudos para compreender como as variantes de Taq1A poderiam influenciar a expressão de DRD2. Pesquisas anteriores já haviam identificado variantes genéticas que aumentam a probabilidade de uma pessoa se tornar um fumante muito ativo ao longo da vida. Geralmente, essas pessoas começam a fumar quando são adolescentes e aumentam rapidamente para 20 ou mais cigarros por dia.
Quando adultos, eles acham muito mais difícil abandonar o vício do que os indivíduos com uma diferente composição genética. Outro estudo constatou que pessoas com uma versão de um gene chamado CYP2A6, que desempenha um papel no processamento de nicotina no corpo, também tinham mais dificuldade para deixar de fumar.
[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]