Recentemente, uma revista médica relatou que duas mulheres haviam experimentado uma espécie de “cegueira transitória” após verificarem seus smartphones no escuro.
Durante vários meses, elas alegaram ter experimentando uma perda de visão de 15 minutos até uma hora de duração. Assim, um grupo de especialistas, após uma série de análises, atribuíram como causa o hábito de checar a tela do celular com apenas um dos olhos e em ambientes escuros, conforme reportado pela Science Alert.
As mulheres, com idades de 22 e 40 anos, passaram por uma série de exames médicos inconclusivos, incluindo ressonância magnética e cardiovasculares, antes da causa ter sido determinada. De acordo com elas, antes de dormir e logo após acordar era hábito conferir as notificações do aparelho. Assim, com o corpo ainda deitado e com um dos olhos fechados sobre o travesseiro, elas checavam apenas com um olho a tela do celular. Passados vários minutos, ambas experimentavam uma perda temporária de visão apenas no olho anteriormente utilizado para ver a tela. Elas contaram que, a princípio, isso só acontecia duas ou três vezes por semana, mas que logo evoluiu para ocorrências diárias.
Dessa forma, os especialistas de Moorfield’s Eye Hospital em Londres, sugeriram uma hipótese de que a cegueira temporária poderia ser causada pelo ajuste desigual de luz entre o olho do celular e o do travesseiro. “A retina é baste surpreendente, porque pode se adaptar a diferentes níveis de luz, provavelmente melhor do que qualquer câmera”, disse umas das pesquisadoras, Rae Ellen Bichel à NPR. “Ela pode reduzir sua sensibilidade, de modo que, quando estamos em uma praia ou neve, ainda podemos ver relativamente bem”.
Quando a luz atinge a retina faz com que as células fotorreceptoras mudem seus formatos que são normalmente em forma de bastonetes. Isso permite que o sinal de luz seja convertido em impulsos elétricos transmitidos pelo cérebro através de fibras nervosas. Todo esse processo pode levar 40 minutos para recomeçar após a exposição a luzes brilhantes, de acordo com Bichel, e após isso nossos olhos conseguem ver no escuro novamente.
Logo, o que acontece quando um olho se adapta à luz do celular e outro a escuridão, é o que os pesquisadores chamam de branqueamento diferencial de fotopigmento, que basicamente engana o olho para achar que ficou verdadeiramente cego. “Nossa hipótese é que esse olho está se adaptando a luz enquanto o bloqueado pelo travesseiro se adapta ao escuro”, relataram no artigo publicado New England Journal of Medicine.
“Posteriormente, com ambos os olhos descobertos, o adaptado a luz era considerado cego”. A discrepância durou por vários minutos, o que reflete na mesma evolução de tempo de recuperação de uma visão escotópica – produzida pelo olho em ambientes de baixa luminosidade.
Em suma, os especialistas acreditam que quando um dos olhos é exposto à luz da tela do smartphone, enquanto o outro permanece no escuro, poderia mexer com a capacidade de calibração enquanto estão abertos ao mesmo tempo. Essa cegueira temporária, no entanto, é inofensiva e nem todo mundo é capaz de experimentá-la, mas, segundo eles, é mais seguro evitar usar o celular na cama antes ou depois de dormir.
[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]