Uma única pessoa poderia realmente destruir o mundo? Infelizmente, sim!

de Merelyn Cerqueira 0

Armas apocalípticas de destruição em massa realmente existem e, atualmente, estão sob o domínio das potências mundiais. No entanto, conforme explicou George Dvorsky, no site Io9, isso está prestes a mudar. Dentro de algumas décadas, pequenos grupos, e até mesmo indivíduos trabalhando sozinhos, serão capazes de construir com suas próprias mãos tecnologias que podem induzir nossa extinção.

Por mais chocante que isso pareça, o mundo realmente poderia ser destruído por um único ser humano agindo sozinho. Segundo os especialistas Philippe van Nedervelde, um oficial de reserva do Exército da Bélgica (ACOS), treinado em defesas nuclear-química-biológica e especialista em segurança futurista; e James Barrat, autor do livro “Nossa Invenção Final: Inteligência Artificial e o Fim da Era Humana”, há uma notável preocupação de que não estamos levando muito a sério o suficiente essa possibilidade.

“A grande maioria da humanidade, hoje, parece estar inconsciente ao fato de que vivemos um em um perigo real”, disse van Nedervelde. “Embora seja importante deixar claro que não há motivo para qualquer alarmismo injustificado e difusão de medo, os fatos nos dizem que estamos, em um claro e presente risco mortal”.

Como uma espécie que vive em um universo indiferente, enfrentamos riscos cósmicos e os criados pela mão humana. Segundo van Nedervelde, esses riscos feitos pela ação do homem incluem pandemias por meios de ataques biológicos, intercâmbio global de bombas termonucleares, surgimento de uma superinteligência artificial hostil aos seres humanos, além do espectro de armas habilitadas para a nanotecnologia e destruição em massa.

Segundo ele, a humanidade desenvolveu tecnologias necessárias para projetar patógenos eficientes, que, se otimizados e combinados em potência, poderiam matar com sucesso toda a humanidade. No que diz a respeito as nanotecnologias, o teórico especialista em nanomedicina, Robert Freitas, cita os chamados assassinos de biomassa, que completam o cenário hipotético ‘grey goo’, onde a nanotecnologia se replicaria e sairia do controle humano, consumindo a Terra e a civilização.

Sobre a ameaça da superinteligência artificial, algo que também já foi advertido pelo físico teórico Stephen Hawking, Barrat explica que dentro de algumas décadas, a IA poderia ultrapassar a inteligência humana por uma ordem de magnitude. Uma vez feita, ela poderia ter um estilo de sobrevivência muito parecido ao nosso. Logo, seríamos forçados a competir contra uma força com capacidades muito mais desenvolvidas do que as nossas.

Obviamente que muitas dessas ameaças, se não todas, são passivas de serem desenvolvidas por grandes agências e corporações, motivadas e financiadas por governos. No entanto, isso não significa que esses planos também estejam na mente de grupos nefastos com capacidade de construí-las por si mesmos.

Essa perspectiva já é considerada pelo Pentágono. Em 1995, o almirante David E. Jeremiah, do US Joint Chiefs of Staff, disse que tinha em mente uma imagem de cinco caras inteligentes da Somália, ou alguma outra nação em desenvolvimento, que encontram uma oportunidade de mudar o mundo, virando-o de cabeça para baixo. No entanto, o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos declarou que uma ameaça maior é vista em frotas e exércitos mais do que por tecnologias catastróficas que podem cair nas mãos de ‘poucos amargurados’.

Entretanto, de acordo com van Nedervelde, a “destruição em grande escala se torna cada vez mais possível e com cada vez menos recursos. Se pensamos através de conclusões lógicas, temos menos a temer de uma organização terrorista, como a Al-Qaeda, e sim de indivíduos inteligentes que desenvolveram um rancor profundo e violento contra a espécie humana”.

Já para Barrat, um único indivíduo não poderia ser capaz de criar uma tecnologia de IA forte o suficiente para ter efeitos catastróficos sobre o mundo. “A superinteligência artificial está mais perto, em escala de complexidade, ao Pojeto Manhattan, que construiu as bombas (que hoje custariam 26 bilhões de dólares). Infelizmente, segundo ele, isso não exclui a possibilidade de que, possivelmente, algum grupo terrorista tenha em mãos algum código sofisticado capaz de fazer os ajustes necessários para colocar essa superinteligência contra os seres humanos.

“A boa notícia é que não estamos totalmente indefesos contra essas ameaças”, disse Van Nedervelde. “Precauções, prevenções, alertas precoces e eficazes de contramedidas defensivas são possíveis. A maioria delas não são nem medidas ‘draconianas’, mas exigem uma sustentada resolução para a profilaxia”. Ele sugere o acompanhamento psicológico de pessoas que apresentem comportamentos suspeitos, sistemas de educação dentro das instituições de ensino, uma melhora na governança global por parte da ONU, que pode ser credivelmente eficaz em reagir rapidamente contra uma ameaça global e, mais radicalmente, ficarmos em estado de vigilância, onde “todo mundo tem olhos e ouvidos por toda parte”.

Parece ficção, mas uma pessoa com conhecimentos apurados em genética, bioquímica, farmacologia (e tantas outras) poderia criar um vírus, modificando seus genes, para destruir as pessoas rapidamente? A resposta é sim, pois a tecnologia nos laboratórios já é avançada o suficiente para isso.

[ Io9 ] [ Foto: Reprodução / Io9 ]

Jornal Ciência