O clima às vezes cria semanas de uma garoa triste e cinzenta, mas ele pode se transformar em um espetáculo sensacional e, muitas vezes, mortal. Porém, o que explica esses eventos explosivos?
A atmosfera da Terra é impulsionada pelo aquecimento Solar. O clima é a resposta da atmosfera para o padrão disforme de calor que recebe. A luz visível e a ultravioleta aquecem a Terra durante o dia – com mais potência nas baixas latitudes – mas a Terra emite um total quase idêntico de radiação infravermelha para todas as direções.
Em média, a Terra recebe 340 W m-2 do Sol. Cerca de um terço desta energia é enviada de volta ao espaço sideral por nuvens e gelo na superfície. A energia restante é absorvida pela superfície e pela atmosfera. Mas o poder do Sol está centrado no lado de dia e, em particular, perto do Equador. Em média, a atmosfera e a superfície absorvem mais de 300 W m-2 nos trópicos, mas ficam inferiores a 100 W m-2 nas regiões polares.
A temperatura da Terra não apresenta variações extremas, permanecendo menor que 50°C entre o Equador e altas latitudes; em outros corpos celestes – como a Lua – isso não ocorre. Isto é porque a atmosfera (com uma pequena ajuda dos oceanos) transporta o calor das regiões mais quentes para as regiões mais frias. Os picos de calor transportados na atmosfera ficam em cerca de 5 PW (5 pentawatts ou 5 × 1015 W). Para fins de comparação, a maior estação de energia nuclear tem uma capacidade de 8 GW (8 × 109 W) e o poder total de energia consumida de todas as formas pelos seres humanos atualmente, estima-se ser de 18 TW (1,8 × 1013 W), cerca de 250 vezes menor. Esta vasta fonte de energia é o que impulsiona a movimentação de calor da atmosfera e dos oceanos da Terra, além dos movimentos de ar quente para regiões mais frias. Ao longo da viagem, a energia é transformada em muitas outras formas e a rotação da Terra tem uma profunda influência sobre como será o clima, especialmente nas latitudes médias.
Correntes de ar
São faixas muito estreitas (tendo poucos quilômetros de profundidade e talvez 100 km de largura) de movimento rápido de ar que circundam a Terra e se formam no limite de massas de ar quentes e frias, à cerca de 10km de altitude. No núcleo de uma corrente de ar, os ventos podem alcançar 200 km/h e uma incrível 656 km/h foi registrada nas Híbridas Exteriores, em dezembro de 1967. A localização destes ventos é vital para o planejamento de rotas de aeronaves e seu uso inteligente é a razão pela qual é mais rápido para voar de oeste para leste do que o inverso.
A corrente de ar que mais influencia o nosso clima é a corrente de ar polar norte, que serpenteia em uma rota variada e influencia os sistemas meteorológicos de todo o mundo, potencialmente levando a uma série de tempestades e inundações. Quando a corrente de ar se curva para o sul, o frio é levado para baixo; quando ela se curva para o norte, o sul pode ter ar quente e clima estável.
Ciclones Tropicais
Conhecidos como furacões e tufões, são eventos climáticos de destruição em massa que, em latitudes mais baixas, se tornam mais fracos e com menor pressão. Os ciclones tropicais se formam sobre águas muito quentes, normalmente no final do verão e outono de cada hemisfério. À medida que eles se intensificam, são impulsionados pela liberação da energia latente do vapor de água, que se condensa para formar as nuvens de tempestade.
Ventos de mais de 200 km/h foram registrados em torno do centro de uma tempestade, mas a devastação é causada, principalmente, por inundações em consequência do aumento da maré e da chuva intensa. O Bhola, ciclone de 1970, foi um dos piores desastres naturais de todos os tempos, matando meio milhão de pessoas em Bangladesh e Bengala Ocidental – em grande parte como resultado das inundações – mas foi classificando numa categoria moderada: 3. Na categoria 5 está o furacão Katrina, de 2005, com ventos de mais de 280 km/h.
Tornados
Os tornados são menores, turbilhões violentos que podem formar uma nuvem de tempestade – uma região de intensa convecção vertical. Trata-se de um funil de nuvem no centro do vórtex, embora os ventos mais fortes circulem em torno dele. Os ventos mais extremos são de quase 500 km/h, e resultam em muita destruição ao longo de seu caminho.
O Tri-State Tornado de março de 1925 foi o mais longo tornado registrado. Seu percurso foi maior que 350 km e matou 695 pessoas no vale do rio Mississippi, EUA, com um número total de mortos de 747. Ele foi ultrapassado em abril de 1989 pelo tornado Daulatpur-Saturia em Bangladesh, que fez mais de 1.300 pessoas morrerem e 80.000 ficarem desabrigadas.
Tempestades de areia
Ocorrem em muitas partes do mundo e podem transportar grãos de areia e minerais mais finos de um continente para outro. No Norte de África, essas tempestades são conhecidas como “haboobs” e são frequentemente iniciadas pelos ventos fortes e trovoadas. Tempestades semelhantes ocorrem nas partes mais secas da América e da Ásia. Um haboobs pode mais de 1km de altura, cobrir milhares quilômetros quadrados e durar horas, a poeira pode absorver a luz Solar, aquecendo o ar e intensificando os ventos no cerco da tempestade.
Na Terra, gotas de água acabam se agrupando com os grãos de poeira, e limitam o crescimento da tempestade. Mas em Marte, que é muito mais seco, algumas tempestades de poeira podem cobrir todo o planeta.
Redemoinhos de vento
São pequenos vórtices convectivos, tornados visíveis através da poeira que levantam a partir da superfície. Eles também são acionados por energia térmica: a atmosfera fria se encontra com uma superfície quente. Isso é mais comum em regiões desérticas, mas podem acontecer em climas temperados e há relatos de redemoinhos de neve nas encostas das mais altas montanhas.
Na Terra, eles podem chegar a 1km de altura e 10m de diâmetro; em Marte eles são muito mais diversos, se estendendo em até 20km de altura e 200m de diâmetro. Eles aparecem em muitas imagens da nave espacial em órbita.
Relâmpago
É um fenômeno comum na atmosfera da Terra e ocorre em regiões de forte convecção vertical. Estima-se que cerca de 2.000 tempestades de raios estejam ocorrendo a qualquer momento. O ar no centro de uma tempestade dessas pode atingir 30.000 °C – cinco vezes a temperatura da superfície do Sol.
O som característico do trovão vem da rápida expansão do ar aquecido e as árvores que são atingidas pelos raios são, literalmente, explodidas pela a água de dentro delas, que ferve ao receber a descarga.
As pessoas muitas vezes consideram o granizo como um evento de inverno, mas a Primavera e o Verão são os momentos em que realmente chove granizo no Reino Unido. Ele também ocorre e climas quentes, em lugares sem neve, por exemplo. Quando há fortes correntes de ar, as pedras de granizo podem atingir de até 20cm de diâmetro, e podem pesar quase 1kg.
Tempestades de granizo podem ser verdadeiramente mortais e, infelizmente, há registros de centenas de mortes. A maior chuva de granizo registrada matou mais de 230 pessoas e 1.600 animais em Uttar Pradesh, norte da Índia, em abril de 1888. Também houve registro de mortes decorrentes de chuva de granizo em Warwickshire, Inglaterra, em maio 1411.
[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Science Alert ]
