TOP 10 terríveis parasitas que podem estar presentes em nossos alimentos

de Merelyn Cerqueira 0

Em um artigo publicado originalmente pelo portal internacional The Conversation, Helena Helmby, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, falou sobre os 10 principais parasitas que podem estar à espreita em nossos alimentos. De acordo com ela, a crescente globalização fez com que os produtos alimentares pudessem ser transportados por todo o mundo, o que aumenta os riscos de que algo indesejado esteja vivendo em nossos alimentos favoritos.

Como sabemos, muitas das infecções causadas por esses microrganismos podem estar relacionadas a uma higiene pouco adequada, o que inclui a lavagem dos vegetais além do cozimento ideal de carnes.

De acordo com um relatório conjunto entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), melhores padrões de cultivo e comércio global de alimentos poderiam evitar que microrganismos entrassem na nossa cadeia alimentar. No relatório, peritos classificaram 24 perigosos parasitas que podem ser transmitidos pelos alimentos de acordo com o número de casos globais e impacto na saúde. Abaixo você confere o top 10:

1 – Taenia solium (teníase)

Taenia-solium

Também conhecia como tênia de porco – porque os porcos são os hospedeiros intermediários – pode medir até 10 metros quando madura. Esse parasita é responsável pela teníase, uma doença causada pela contaminação através de cistos de larvas na carne de porco malcozida. Quando chegam ao estômago, eclodem rapidamente e crescem até a fase adulta. Os vermes adultos viverão no intestino e competirão com a pessoa contaminada pelos nutrientes ingeridos, o que pode levar à desnutrição. A teníase é bem comum nas partes mais pobres do mundo.

2 – Echinococcus granulosus (equinococose cística)

Echinococcus-granulosus

Da mesma família da tênia, mas medindo entre 3 e 7 milímetros de comprimento, esse parasita é responsável ela equinococose cística. Seu ciclo de vida é de apenas um ano dentro do intestino de um hospedeiro definitivo (cães, ovelhas, roedores entre outros). A contaminação humana acontece através da ingestão acidental de ovos presentes em fezes de animais, seja pelo contato direto ou com produtos alimentícios contaminados.

Depois de ingerir os ovos, o parasita migra para o fígado, onde desenvolverá cistos que podem conter um líquido cheio de vermes em estágio larval, chamados de protoscoleces. A ruptura espontânea desses cistos pode ser muito perigosa e levar a um choque fatal. Mais de um milhão de casos de equinococose acontecem todos os anos, principalmente em áreas onde o gado está em contato com cães.

3 – Echinococcus multilocularis (equinococose alveolar)

Echinococcus-multilocularis

A distribuição geográfica desse tipo de tênia é irregular, podendo ser encontrado na América do Norte e Europa. Seu ciclo de vida envolve normalmente raposas e pequenos roedores, porém também pode surgir em cães domésticos e gatos. Nos humanos, o parasita provoca uma doença chamada equinococose alveolar. Da mesma forma que na cística, formam-se cistos nos órgãos internos que se não tratados podem se espalhar e ser fatais. A equinococose alveolar é considerada um fator de risco para caçadores que lidam com carcaças de raposas ou passeiam por campos onde possam haver fezes contaminadas. Na foto, o poder devastador deste parasita em estado avançado em roedores. 

4 – Toxoplasma gondii (toxoplasmose)

Toxoplasma-gondii

Presente na maioria dos países, esse protozoário pode infectar praticamente todos os mamíferos de sangue quente, no entanto os hospedeiros mais comuns são os gatos e roedores. A taxa de infecção varia entre 10 e 80% da população em diferentes partes do mundo. O parasita normalmente permanece latente no tecido do hospedeiro durante toda a vida, por isso, a maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas e às vezes nem sabe da infecção.

A complicação surge nos casos de mulheres grávidas – o parasita pode atravessar a placenta e causar anormalidades fetais ou até mesmo aborto – pacientes com HIV/AIDS e pessoas que realizaram transplante de órgãos, pois o protozoário pode começar a se multiplicar descontroladamente.

5 – Cryptosporidium spp (criptosporidiose)

Cryptosporidium-spp

É transmitido principalmente através de água contaminada ou alimentos lavados com essa água. Bebidas não pasteurizadas (como cidra de maçã e leite) e mariscos contaminados já foram relacionado a diversos surtos de criptosporidiose, uma infecção causada pela contaminação fecal do abastecimento de água por gado infectado. Em indivíduos saudáveis a doença pode provocar uma diarreia forte, mas que muitas vezes pode se curar sozinha.

6 – Entamoeba histolytica (disenteria amebiana)

Entamoeba-histolytica

Sendo outro parasita protozoário que afeta o trato intestinal, a Entamoeba histolytica é responsável pela disenteria amebiana. A doença é caracterizada por uma diarreia sanguinolenta seguida de dores abdominais e pode ser fatal. Problemas mais graves podem ocorrer se o parasita começar a se espalhar do intestino para o restante do corpo, causando abcessos no fígado e outros órgãos.

7 – Trichinella spiralis (triquinose)

Trichinella-spiralis

Espécie de nematódeo, a Trichinella spirallis é mais conhecida como lombriga de porco – o animal é o hospedeiro mais comum – responsável pela triquinose, uma infecção muscular causada pela ingestão de carne de porco crua ou malcozida, além de carne de animais selvagens. Quando a carne é digerida, os vermes crescem e se reproduzem, produzindo milhares de novas larvas, que viajam para os tecidos musculares, ou, em casos mais graves, até o cérebro. Os sintomas incluem dores musculares, de cabeça e oculares, inchaço nas pálpebras e hemorragia. 

8 – Opisthorchiidae

Opisthorchiidae

A família de platelmintos está presente principalmente do sudeste de Ásia, embora algumas espécies também tenham sido encontradas na Europa e na Rússia. O ciclo de vida dessa espécie possui várias fases, começando pelo estágio larval em que flutua pela água doce até ser ingerida por um caramujo.

Dentro dele, o platelminto se desenvolve e se espalha novamente pela água até que entre em contato com os tecidos de um peixe. Assim, a contaminação humana acontece após a ingestão desses peixes crus ou malcozidos. Dentro do organismo, tornam-se vermes adultos e vivem no trato e vesícula biliar, onde se alimentam da secreção.

9 – Ascaris lumbricoides (ascaridíase)

Ascaris-spp

Pode alcançar até 35cm de comprimento e é responsável pela ascaridíase, a verminose intestinal mais difundida no mundo. O ciclo de vida também se inicia em um hospedeiro em que, após a ingestão – feita através de água ou alimentos contaminados – os ovos liberam larvas que passeiam pela circulação sanguínea, podendo passar pelo fígado, coração e pulmão. Cada fêmea é capaz de produzir centenas de milhares de ovos por dia, excretados nas fezes, contaminam o maior número de pessoas.

Uma segunda espécie, a Ascaris suum, até recentemente era conhecida por contaminar apenas suínos, no entanto, já foram relatados casos de infecção em humanos. O nível e os sintomas da doença variam de acordo com o número de vermes encontrado no organismo, sendo comum o bloqueio intestinal por causa do tamanho dos vermes.

10 – Trypanosoma cruzi (Doença de Chagas)

barbeiro-doenca-de-Chagas

O T. cruzi é um protozoário conhecido por ser o causador da Doença de Chagas. A condição é causada pela sua progressão lenta, conforme a qual o parasita é capaz de infectar várias células e órgãos do corpo, incluindo o coração. Ao longo dos anos, pouco ou nenhum sintoma aparece, no entanto a doença se manifesta através de problemas cardíacos ou intestinais, graves ou fatais.

A infecção é normalmente transmitida a partir da picada de barbeiros. Quando se alimentam, os barbeiros acabam defecando na pele dos humanos, eliminando o parasita e causando a infecção. Recentemente foi descoberto que eles podem chegar aos seres humanos pela ingestão de alimentos contaminados com as fezes dos barbeiros. Vários surtos causados pelo consumo de sucos de fruta e cana-de-açúcar foram registrados nos últimos anos, gerando preocupação sobre esse protozoário se tornar um patógeno global.

[ Fonte: Science Alert ]

[ Foto: Reprodução / Science Alert ] 

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