Tempestade de meteoritos atacou a Terra por 100 milhões de anos, mudando a química do planeta, diz estudo

de Bruno Rizzato 0

No início de sua vida, a Terra sofreu uma tempestade de meteoritos que durou 100 milhões de anos.

A nova pesquisa sugere que este pode ter sido o fator determinante para a alteração da composição química do planeta, para sempre. A teoria explica que a Terra tem níveis muito mais elevados de magnésio e muito mais baixos de silício do que o seu material primordial.

A teoria atual sobre como a Terra se formou sugere que houve um processo de “acreção”, ou seja, quando o material é puxado pela gravidade.

No entanto, este modelo não pode explicar a origem da fonte de calor do núcleo da Terra, nem de seu campo magnético. A crosta e o manto da Terra também parecem ter uma taxa mais elevada de elementos raros, como o samário e o neodímio, do que a maioria dos meteoritos, sugerindo que a formação da Terra vai muito além do que se pensava.

condrito
Um tipo de meteorito chamado condrito.

Um tipo de meteorito rochoso, os chamados condritos, podem ter sido formados a partir da nuvem de gás que criou corpos planetários no sistema solar. Um tipo particular de condrito, conhecido como enstatite, é feito da mesma matéria-prima da qual foi formada a Terra. Enstatite têm isótopos de elementos químicos em proporções similares aos encontrados em nosso planeta. No entanto, nosso planeta também tem níveis mais altos de magnésio e menores silício.

Para poder quantificar esta diferença, pesquisadores franceses teorizaram que isto pode ter acontecido porque a Terra foi atingida por meteoritos, quando ela estava se formando. Os resultados do estudo explicam a composição da rocha fundida que, eventualmente, arrefeceu na crosta da Terra.

Embora a Terra tenha perdido pedaços durante o ataque dos meteoritos, ela experimentou um ganho líquido de massa durante este período violento. E o bombardeio longo e duradouro mudou a assinatura química do próprio planeta, segundo Asmaa Boujibar e seus colegas do Centro Nacional da França para a Investigação Científica (CNRS), que utilizaram experimentos de laboratório e de modelagem para testar sua teoria.

Eles reproduziram as condições em que a crosta primitiva da Terra foi bombardeada e se fundiu com condritos sob várias pressões. “Episódios repetidos de produção e erosão da crosta terrestre removeram grandes quantidades de silício, deixando o excesso relativo de magnésio que observamos hoje”, concluíram os pesquisadores.

A crosta é a camada mais externa da Terra, uma camada fina sobre o manto, que cobre o núcleo exterior e interior do planeta. Se os cientistas pudessem extrair amostras das camadas profundas, poderiam ter uma ideia melhor da origem da Terra. Porém, por enquanto, eles não têm escolha a não ser confiar em outras provas, como os meteoritos.

Poderia a Terra ter “devorado” um planeta há 4,5 bilhões de anos?

Uma visão alternativa de como a Terra se formou foi proposta em um artigo científico adendo da universidade de Oxford, na Inglaterra, em abril deste ano, sugerindo que a nossa jovem Terra pode ter colidido com um corpo semelhante ao do planeta Mercúrio. O evento dramático poderia explicar porque o nosso planeta tem um núcleo quente que lhe confere o seu campo magnético, assim como por que certos elementos no manto da Terra não parecem terem sido originados de outros blocos de construção de meteoritos.

O planeta que colidiu com a Terra teria produzido urânio e tório radioativos, gerando o calor necessário para conduzir o ”dínamo” de ferro fundido no núcleo da Terra. Os pesquisadores não descartam a possibilidade de que este possa ser o mesmo corpo, do tamanho de Marte, que pode ter formado a Lua. “Pensamos que isto é perfeitamente concebível. É uma forma emocionante pensar que esse corpo reduzido poderia realmente ter dado origem à lua”, disse o coautor, Bernard Wood, em entrevista ao LA Times.

Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / NASA

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