A prática existe há mais de dois mil anos. Contudo, ganhou atenção em 2010, quando dois presidiários norte-americanos, David Boltjes e Paul Inman, tatuaram, de dentro da cadeia, o fundo dos olhos de vermelho e azul.
A técnica, consiste na aplicação de uma tinta específica na região da esclera (a parte branca dos olhos) e não é realizada pela maioria dos tatuadores. Além da mudança de cor dessa região dos olhos, há ainda a cirurgia para mudar a coloração da íris (estrutura que dá cor aos olhos) e que já foi realizada até por alguns brasileiros.

Obviamente que essas práticas não são recomendadas por especialistas, somente em casos de necessidade e onde há acompanhamento médico. “Às vezes não acontece nada, mas pode dar um problema irreversível. Você pode estar se mutilando”, disse o Dr. Leonardo Marculino, oftalmologista do Hospital CEMA, em entrevista ao jornal Hoje em Dia. Esse tipo de procedimento pode vir acompanhado de complicações de curto e médio prazo. Segundo Marculino, os riscos incluem inflamações, catarata, glaucoma e até mesmo cegueira.

No caso da tatuagem de olho, apenas cinco tatuadores em todo o mundo a realizam. Aqui no Brasil, Rafael Leão Dias, de Jundiaí, interior de São Paulo, já realizou esse tipo de procedimento, chamado “eyeball tatto”, em cerca de 13 brasileiros. Ele afirmou ter estudado a técnica por dois anos antes de começar a realizá-la. O procedimento feito por ele, que custa em média mil reais, é feito com uma tinta especial importada dos Estados Unidos e ele a aplica em três pontos do olho. O material é inserido através de uma seringa com agulha curvada, contudo, ele afirmou que não há perfuração.
De acordo com Paul Inman, o presidiário que tatuou a esclera de dentro da cadeia, o procedimento é doloroso. “É como se alguém tivesse tocando picadores de gelo ou facas nos olhos”, disse ele em entrevista ao canal MSNBC. Ele não revelou como arranjou a tinta ou como fez a tatuagem. “Você não pode usar pistola de tatuagem convencional ou caseira. Você pode usar uma agulha hipodérmica, mas não estou dizendo que é o que usamos”, explicou.
Sobre o procedimento de mudança da cor da íris, Marculino alertou para o fato de que vários pacientes que colocaram lentes dentro do olho com o objetivo de mudar a cor acabaram perdendo a visão. “A pessoa vai estar se submetendo a uma operação sem garantias funcionais”, orienta.
Ele também afirma que se realizada de modo errôneo, o contato entre a lente e a íris pode gerar uma descompensação da córnea. Esse tipo de procedimento é recomendado apenas para pessoas que perderam a visão (total ou parcial), para melhorar a aparência estética dos olhos. “Quando essa parte não é branca, o procedimento é arriscado. Mesmo quando é realizado em pessoas que já não têm a visão em um dos olhos, pode haver inflamações”, acrescentou.
[ Hoje em Dia / Megacurioso ] [ Foto: Reprodução / Megacurioso ]