Tardígrado: nova descoberta impressionante pode auxiliar a biomedicina

de Merelyn Cerqueira 0

O impressionante tardígrado voltou a ser notícia no mundo da ciência. A criatura, também conhecida como urso d’água, é capaz de sobreviver durante décadas sem comida ou água, além de ser resistente aos climas mais extremos. 

Mas a estranheza do espécime parece não ter fim: recentes descobertas afirmaram que, para sobreviver à extrema dessecação, eles são capazes de reproduzir uma espécie de “biovidro” composto de proteínas e moléculas essenciais. Juntas, elas são capazes de devolver a vida ao corpo desidratado do invertebrado.

Essa descoberta pode significar um avanço considerável no campo da medicina, já que através desse mecanismo podem ser desenvolvidos métodos para culturas mais resistentes de vacinas e até mesmo, torná-las mais duradouras.

tardigrado

Em setembro de 2015, pesquisadores da Universidade de Chicago, anunciaram que haviam descoberto um novo tipo de vidro produzido internamente pelo tardígrado durante a dessecação. Enquanto não descobriam do que era formado, concluíram que era produzido como um mecanismo de proteção para garantir que esses invertebrados microscópicos pudessem sobreviver quando perdiam praticamente toda a água de suas células.

“Quando você remove a água, eles rapidamente se cobrem com essa grande quantidade de moléculas vidradas. É assim que permanecem nesse estado de movimentação vagarosa”, disse o pesquisador-chefe e engenheiro molecular, Juan de Pablo.

Agora, pesquisadores liderados pelo biólogo Thomas Boothby, da Universidade da Carolina do Norte, estão a um passo de descobrir o segredo desse “biovidro” construído pelo tardígrado. Boothby e seus colegas anunciaram que já descobriram os genes específicos que codificam as proteínas especializadas responsáveis pela produção do vidro.

As aplicações para essa nova descoberta são inúmeras, desde o campo da engenharia até a medicina. A proteína do vidro impede que as enzimas sequem durante as experiências, além de permitir maior preservação e armazenamento de vacinas, procedimentos que geram um custo muito grande para os países.

Assim como os ratos se mostraram eficientes, por conta de sua resistência – e se tornaram inestimáveis para os pesquisadores de câncer nos últimos anos -, os segredos de sobrevivência do urso d’água poderiam ser ganhos enormes para a ciência. A recente descoberta sobre o “biovidro” pode ser só o começo.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / National Geographic ]

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