Substância alternativa ao Bisfenol-A na produção de plásticos não é segura, diz estudo

de Bruno Rizzato 0

As preocupações públicas sobre o dano potencial do bisfenol-A (BPA), um produto químico industrial usado no plástico de garrafas de água e brinquedos para crianças, por exemplo, tem feito com que muitos fabricantes desenvolvam alternativas supostamente mais seguras, livres de BPA, nos últimos anos. Porém, um produto químico que está sendo usado como um substituto pode não ser mais seguro, segundo uma nova pesquisa, divulgada no portal Endocrinology.

De acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores dos EUA, uma alternativa ao BPA, chamada bisfenol-S (BPS) é, de certa forma, tão prejudicial quanto o BPA para algumas espécies de peixe, quando em contato com o ambiente. O peixe-zebra (Danio rerio), por exemplo, tem seu sistema reprodutivo interrompido e seu desenvolvimento embrionário afetado. As descobertas também podem revelar que ele é potencialmente prejudicial aos seres humanos, embora a evidência para isso não seja clara. “Nosso estudo mostra que a fabricação de produtos de plástico com alternativas ao BPA não é, necessariamente, mais segura. Nossos resultados são assustadores”, disse a endocrinologista reprodutiva Nancy Wayne, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA).

Os pesquisadores descobriram que, quando exposta a BPA ou BPS, mesmo em níveis baixos, a fisiologia do peixe-zebra na fase embrionária demonstrou mudanças em menos de 24 horas. “O tempo de incubação do ovo foi acelerado, levando ao nascimento prematuro. Os embriões se desenvolveram muito mais rapidamente do que o normal na presença de BPA ou BPS”, revelou Nancy. 

Além disso, a equipe descobriu que a exposição ao BPA pode estimular demais o sistema reprodutivo dos animais, com a quantidade de neurônios do sistema endócrino de peixes-zebra aumentando em até 40%. “A exposição a baixos níveis de BPA teve um impacto significativo no desenvolvimento das células cerebrais e nos genes que controlam a reprodução, em fase posterior na vida dos embriões. Vimos muitos efeitos semelhantes com a exposição ao BPS, encontrado em produtos livres de BPA. Ou seja, o BPS não é inofensivo”, acrescentou a especialista.

Estas descobertas estão diretamente relacionadas a testes feitos em animais, e não em pessoas. Apesar das preocupações sobre o BPA ter relações com efeitos sobre as fases de desenvolvimento em animais, as autoridades têm se esforçado para tranquilizar as pessoas sobre os baixos níveis de exposição. O site da US Food and Drug Administration (FDA), diz: “BPA é seguro? Sim. Com base na revisão de segurança de evidências científicas em curso da FDA, a informação disponível continua apoiando a segurança do BPA para uso, atualmente aprovado em recipientes de alimentos e embalagens. As pessoas são expostas a baixos níveis de BPA porque, assim como muitos componentes da embalagem, pequenas quantidades de BPA podem migrar para os alimentos ou bebidas. Estudos do Centro Nacional de Pesquisa Toxicológica do FDA não mostraram efeitos do BPA a exposição a baixas doses”.

Porém, uma equipe de pesquisadores escreveu ao portal “The Conversation”, em 2014: “Embora um rótulo diga ‘livre de BPA’, ele não informa pelo que ele foi substituído. Em muitos casos, esta substância não foi completamente estudada. Eles deveriam revelar que o substituto químico é mais seguro, caso esta escolha, de fato reduzisse o risco. No entanto, como os produtos químicos substitutos não foram tão estudados, podem apresentar um risco de saúde maior do que BPA”.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Flickr ]

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