Seu relacionamento está ruim? Psicólogos dizem o que você precisa saber

de Rafael Fernandes 0

Aqueles que passam a vida ajudando as pessoas com seus relacionamentos falam muito sobre comportamentos. Recomendam que os casais conversem e ajam de determinadas maneiras. Também falam muito sobre emoções: como gerenciá-las e expressá-las de forma construtiva.

Qual o papel que os nossos pensamentos e crenças desempenham no sucesso ou o fracasso dos nossos relacionamentos?

Um padrão imutável de pensamento é altamente tóxico para os relacionamentos. Você pode vê-lo como uma crença central ou como uma postura mental, mas na verdade ele é uma armadilha cognitiva. A armadilha é a seguinte: você acredita que só há uma realidade verdadeira. Você acredita em encontrar a verdade com um “V” maiúsculo e quem não comprar a verdade que você descobriu está errado.

Simplificando, quando sua mente não pode aceitar e validar múltiplas realidades, seus relacionamentos vão sofrer.

Existem aqueles que resumem as deficiências desse padrão dizendo: “Há três lados para cada história: o seu lado, o meu lado, e a verdade.” Esta constatação simples destaca o entendimento de que a minha verdade não é a verdade absoluta.

Você também já deve ter ouvido alguém dizer “Você pode estar certo ou você pode ser feliz.” Às vezes, quando a sua realidade é certa, você invade a realidade da outra pessoa, tentando convertê-la. Como resultado, vocês vão se afastar, ficando cada vez menos felizes. Vejamos 3 maneiras específicas de como a mentalidade da “realidade única” pode prejudicar seus relacionamentos:

1 – Transforma o seu parceiro em um cidadão de segunda classe.

Quando você acredita que existe apenas uma realidade e que você é o único a persegui-la, você se coloca em uma posição de superioridade. Você está basicamente dizendo que detém a chave para a realidade objetiva e seu parceiro não. Isso não soa muito cortês, não é mesmo?

Querendo ou não, manter essa atitude cria um relacionamento no qual seu parceiro é um cidadão de segunda classe. Essa ideia descarta a possibilidade de uma parceria equilibrada.

Pior ainda, assumir uma postura de superioridade promove sentimentos de desprezo para com os outros. E, de acordo com renomado estudioso de casamentos, John Gottman, a presença de desprezo em um casamento é o único grande antecessor do divórcio.

2 – Faz divergências serem insolúveis.

Acreditar que apenas você tem acesso à verdade enfraquece o direito do seu parceiro de ter a opinião respeitada.

Respeitar opiniões uns dos outros é um pré-requisito para resolver desacordos. Essas duas ideias, tomadas em conjunto, ilustram como o fato de segurar a mentalidade de “realidade única” abre precedentes para disputas insolúveis.

Para resolver disputas, ambos os lados precisam ter suas realidades reconhecidas e validadas pelo outro. Você pode entender completamente a perspectiva de outra pessoa em alguma coisa e ainda discordar democraticamente. Na verdade, é provavelmente a maneira mais saudável e elegante de discordar.

Contudo, sem compreender a perspectiva da outra pessoa, você fica com opções menos saudáveis para discordar: atormentar, desprezar, manipular… todas as opções que podem minar a estabilidade do relacionamento.

3 – É antagônica.

A armadilha cognitiva de acreditar que só existe a sua realidade é profundamente divisória. Ela estabelece uma dinâmica na qual você se sente compelido a convencer a outra pessoa de sua perspectiva, não apenas para ganhar a luta, mas para salvar o parceiro de ideias “erradas”.

Em outras palavras, quando você sente a necessidade de “converter” alguém para o que você acredita ser verdade, acaba criando obstáculos entre vocês.

Você está criando alteridade. E o que vem de alteridade? Antagonismo.

Embora não seja fácil mudar uma crença central, você certamente pode melhorar e aceitar múltiplas realidades. O primeiro passo é substituir a crença de que só há uma verdadeira realidade. Esta nova crença seria: “Eu sou a autoridade máxima da minha própria realidade”.

Assim, sua realidade irá atendê-lo melhor em alguns aspectos. Primeiramente, permitindo a você reter poder e autoridade no relacionamento, ao menos em um contexto mais estreito. Em segundo lugar, tal atitude também dá poder e autoridade para a outra pessoa, permitindo interações equilibradas e produtivas.

Só quando ambos os parceiros possuírem poderes consideravelmente equilibrados na relação, a união poderá ser harmoniosa.

[ Times ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

Jornal Ciência