Sentir dor de cabeça depois do orgasmo pode ser uma doença

de Julia Moretto 0

É pouco provável que você tenha ou conheça alguém que sofra de dores de cabeça após o orgasmo, já que a chamada “cefaleia orgástica”, só atinge 1% da população.

Também conhecida por cefaleia copulogênica, cefaleia associada à atividade sexual ou cefaleia orgástica, ela é caracterizada como uma doença que ataca homens e mulheres durante o sexo ou após o orgasmo. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Munster, na Alemanha, os pacientes normalmente têm idade entre 20 e 25 anos, e é mais comum em pessoas que já sofram de enxaqueca. 

De acordo com o neurologista especializado em dor de cabeça, Abouch Krymchantowski, entre os mais de 250 tipos de dores, a cefaleia do orgasmo significa apenas de 0,2 a 1,3% das dores mais frequentes em pacientes.

De acordo com Pedro Moreira, neurologista, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia e Professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, é preciso que as dores de cabeça aconteçam na vigência do sexo para que ela possa ser caracterizada.

Segundo o estudioso, ela pode acontecer de duas maneiras: na fase inicial da relação sexual ou no clímax do ato. A primeira fase é menos comum de ocorrer e pode ser chamada de cefaleia pré-orgástica. Nesse caso as dores de cabeça vão ficando cada vez mais fortes conforme a excitação, obrigando muitas vezes a pessoa a interromper o orgasmo. Já o segundo tipo, Krymchantowski conta ser uma dor explosiva que atinge a nuca e toda a cabeça, assim que a pessoa chega no clímax da relação. Nesse caso, há pacientes que relatam até 48 horas de dor em seguida. 

Ainda não há nenhuma explicação concreta sobre a causa da cefaleia orgástica, porém alguns estudiosos acreditam que ela tenha relação com o aumento da pressão sanguínea que ocorre durante o sexo, e que a dilatação de vasos na cabeça e a produção de serotonina possam ocasionar as crises. Para outros cientistas, quem sofre com essa dor de cabeça tem um desequilíbrio químico natural, recebendo o estímulo do orgasmo como um fator que gera dor. Outra teoria, ainda não muito aceita, acredita que as dores possam estar ligadas ao estresse.

Também conhecida como “dor de cabeça sexual primária”, ela é vista como uma dor que se localiza atrás dos olhos. Segundo Krymchantowski, ao suspeitar da doença, é preciso procurar rapidamente um neurologista.  “Ainda há muito desconhecimento em relação a essa doença, por isso é importante procurar um especialista”, completa o neurologista.

O doutor Pedro Moreira, ressalta que a doença não coloca ninguém em risco, mas é preciso ser acompanhada para afastar outras causas mais graves e obter o diagnóstico correto. Segundo ele é fundamental realizar exames como arteriografia cerebral, angioressonância cerebral e ressonância do cérebro, para saber se as dores não estão ligadas a causas graves.

Depois de realizar os exames e eliminar a possibilidade de doenças graves, o tratamento pode ser feito. Os medicamentos, na maioria das vezes, são utilizados via oral e tomados entre uma e duas horas antes de realizar o ato sexual. Outros aspectos também podem ser considerados para evitar o problema, como dormir cedo, praticar exercícios físicos, controlar o estresse e adotar uma alimentação balanceada.

[ Diário de Biologia ] [ Foto: Reprodução / Diário de Biologia ]

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