Se nos deparássemos com alienígenas, como falaríamos com eles? Conseguiríamos compreendê-los?

de Julia Moretto 0

Para muitos cientistas é possível haver civilizações alienígenas, porém o mistério é a possibilidade de contato com o novo grupo. Pensando que esse contato ocorra em breve, como devemos reagir? Será que conseguiríamos nos comunicar?

De acordo com o artigo publicado no The Conversation, James Carney, Senior Research Associate (Psicologia), da Universidade de Lancaster, diz que as leis do Universo são as mesmas em qualquer lugar, sendo assim alguns princípios podem ser considerados equivalentes. Esta é a lógica por trás de iniciativas como The Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI) e Messaging Extraterrestrial Intelligence (METI).

O ponto mais complexo é o da linguagem, que é o fator mais importante na comunicação humana. É por meio dela que conseguimos nos comunicar em um determinado grupo. Por esse motivo, podemos entender que qualquer civilização alienígena algum tipo de linguagem.

Mas como seria essa linguagem? Os seres humanos se comunicam em uma faixa de frequência 85-255Hz do som e na faixa de frequência 430-770 THz de luz. Provavelmente essa não é a forma com que os alienígenas se comunicam. Porém nossas tecnologias podem mapear sons e estímulos inadiáveis aos humanos. 

SETI. Foto: Reprodução / Wikipédia
SETI. Foto: Reprodução / Wikipédia

A maior dúvida é se nós seríamos capazes de aprender a estrutura de uma língua muito diferente da nossa. Segundo a abordagem Gerativista, esse aprendizado não seria possível. Ela explica que os seres humanos possuem uma gramática universal inata com um número de configurações específicas. O interessante é que o número de gramáticas é limitado. Embora as regras de línguas humanas possam variar, os defensores do modelo Gerativista argumentam que há parâmetros rigorosos. 

Segundo os Gerativistas, é extremamente improvável que os alienígenas se comuniquem da mesma forma que nós. Para Noam Chomsky, principal proponente desta visão, “se um marciano desembarcar e falar uma língua diferente da gramática universal, nós simplesmente não seríamos capazes de aprender essa linguagem da mesma maneira que nós aprendemos a linguagem humana. Não estamos projetados para aprender línguas que violam a gramática universal.

Por outro lado, a visão Cognitiva vê a Semântica (sentido) como mais importante que a Sintaxe (gramática). Segundo essa vertente, frases podem ser sintaticamente bem formadas, mas semanticamente sem sentido, ou seja, só a Gramática não é suficiente para o entendimento, é preciso estabelecer uma ligação com os conceitos.

Mas também podemos observar o nosso meio e ver como semelhanças surpreendentes foram desenvolvidas em ambientes diferentes, o que podemos chamar de “evolução convergente”. Por exemplo, olhos e asas surgiram no mundo de forma independente entre os animais de acordo com a evolução. Os pássaros isolados na Nova Zelândia desenvolveram comportamentos observados em mamíferos de outras localidades. Desse modo, há esperança para os que sonham em um dia estabelecer comunicação com os alienígenas. 

Um estudo sobre redes neurais mostra que a linguagem pode ser aprendida sem estruturas especializadas no cérebro. Isso significa que não há necessidade de criar uma linguagem universal para estabelecer comunicação. Dessa forma, podemos considerar que os seres humanos talvez possam aprender línguas alienígenas. Obviamente alguns aspectos seriam impossíveis de serem compreendidos. Porém podemos pensar que as estruturas universais nos mundos físicos, biológicos e sociais serão suficientes para estabelecer ligações entre as línguas humanas e alienígenas em um quadro semântico comum.

[ IFLS ] [ Fotos: Reprodução / IFLS ]

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