Quanto vale toda a quantidade de fezes que os humanos já produziram?

de Bruno Rizzato 0

Se há uma coisa que existe em abundância no mundo, são as fezes. Desde quando os seres humanos nascem, criam fezes como parte do processo natural, que continua até o dia de sua morte.

No momento, toda essa quantidade de fezes é uma ameaça. É preciso encontrar maneiras de coleta e eliminação que não criem problemas de infecção e infestação de parasitas, evitando o contato com o abastecimento de água.

E se fosse possível encontrar uma maneira de tornar o cocô útil? Ou até mesmo valioso? Essa foi a pergunta feita, recentemente, por uma “think tank” da ONU, sugerindo que a transformação de dejetos humanos poderia ser um recurso energético.

Think tanks são organizações ou instituições que visam compartilhar conhecimento e sugerir planos estratégicos para o mundo. Seus trabalhos incluem transformações sociais, políticas, econômicas e científicas, principalmente quando não existem soluções comuns.

De acordo com especialistas que sugeriram a resolução da questão das fezes, elas são constituídas de 25 a 45 por cento de metano gasoso. Quando está seca e concentrada, possui um teor energético de metano semelhante ao do carvão. Assim, o objetivo seria transformar os problemas ambientais em uma fonte de energia capaz de livrar o mundo de poluentes ambientais, como o carvão e as próprias fezes.

Em um novo relatório, a think tank delineou essa teoria e estimou que, em conjunto, o valor de todo o “cocô” humano do mundo seria de cerca de 39 bilhões de reais. A urina humana também possui nutrientes sob a forma de fósforo, potássio, enxofre e nitrogênio. Com um pouco de reciclagem, este recurso abundante também poderia ser convertido para substituir fertilizantes e reduziria a necessidade de produtos químicos.

Porém, a think tank não descobriu exatamente como tudo isso vai funcionar. A transformação das fezes humanas em um recurso energético a nível global envolveria uma enorme infraestrutura de coleta e conversão. Segundo ambientalistas, seria essencial descobrir com antecedência quais consequências ambientais ocorreriam se toneladas de dejeto humano fossem queimadas em todo o mundo.

Porém, dois programas pilotos já estão em andamento em Uganda e no Quênia, países cujo saneamento é um problema enorme. Dependendo de como esses programas funcionarem, especialistas podem sugerir um plano para transformar o lixo orgânico em algo útil em uma escala global.

Fonte: MNN Foto: Reprodução / Internet

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