Planeta em formação é encontrado ao redor de estrelas binárias

de Bruno Rizzato 0

Um crescimento gasoso foi observado em torno de um par de estrelas. Os astrônomos que realizaram a descoberta acreditam que o material esteja se aglomerando para formar um planeta, proporcionando uma oportunidade inédita para compreender como a formação de planetas acontece, de forma geral.

Até recentemente, pensava-se que tais planetas seriam raros, existindo apenas onde as estrelas estivessem muito próximas a ponto de ter um único objeto em seu entorno, tão distante que um seria apenas uma estrela brilhante. No entanto, sabe-se agora que existem planetas em uma ampla gama de sistemas binários.

O novo trabalho apresentado na Associação Americana para o Avanço da Ciência, no último sábado, pode ajudar a explicar como isso ocorre. O estudo foi realizado com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), o conjunto de telescópios de rádio que está revolucionando muitas áreas da astronomia. “Este sistema binário tem sido conhecido por abrigar uma coroa de formação planetária de poeira e gás. As novas imagens do ALMA revelam detalhes inéditos sobre os processos físicos que regulam a formação de planetas em torno deste, e talvez de muitos outros sistemas binários”, disse o Dr. Andrea Isella, da Universidade Rice, EUA.

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O sistema ao qual Isella está se referindo, é o HD 142527, e está a 450 anos-luz de distância. Ele é parte da associação Scorpius-Centaurus de jovens estrelas que se formaram juntas mas estão agora à deriva, separadas. Estas estrelas têm demonstrado ser um rico recurso para os astrônomos que estudam o processo de formação planetária.

A maioria dos discos protoplanetários são simétricos, mas HD 142527 tem uma nuvem de poeira em forma crescente, que pode ser causada pelo campo gravitacional complexo de duas estrelas em órbita em torno de si. A estrela primária do sistema binário tem mais de duas vezes a massa do Sol. A secundária, que orbita a uma distância maior do que Saturno do Sol, tem um terço da massa do Sol, tornando-se centenas de vezes mais fraca. Planetas que orbitam estrelas podem ser interrompidos pela força da estrela companheira.

A falta de gases dentro do arco avermelhado é, provavelmente, o resultado do monóxido de carbono – o gás dominante no resto do sistema – que congela em grãos de poeira. “A temperatura é tão baixa que o gás se transforma em gelo e depois vira poeira. Isso é importante para a formação do planeta. A poeira sólida precisa ficar junta para formar um corpo maior que acabará atraindo mais rochas e gás gravitacionalmente. Se você tentar quebrar as rochas juntas, elas não aderem muito bem, Mas se você quebrar o gelo, elas aderem. Então, quando você forma um manto de gelo em torno dos grãos, a capacidade deles ficarem juntos aumenta”, disse Isella em outro comunicado.

“O caso do disco vermelho visto na imagem ser mais brilhante, tem a ver com a densidade dos picos de poeira. E onde encontramos uma moita densa de poeira, as moléculas de monóxido de carbono desapareceram”, completou Isella. O ALMA já havia descoberto o que poderia ser um planeta em formação de um sistema estelar triplo, mas este é um exemplo muito claro de formação planetária em torno de vários sóis.

[ IFL Science ] [ Foto: Reprodução / Andrea Isella / Rice University; B. Saxton (NRAO / AUI / NSF); ALMA (NRAO / ESO / NAOJ) ]

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