Parto de Lótus: mãe opta por deixar a placenta anexada ao filho por 6 dias

de Merelyn Cerqueira 0

Adele Allen, Brighton, mãe de dois filhos é adepta do parto de lótus, em que o cordão umbilical do recém-nascido não é cortado e a placenta é preservada.

É um tipo de parto polêmico e pouco recomendado pelos médicos, já que a preservação da placenta pode causar sérias infecções, mesmo assim, Adele realizou o processo com os dois filhos. No último nascimento, ela optou por carregar a placenta dentro de uma bolsa térmica por seis dias, onde a mantinha limpa, arejada e “perfumada” – ela a revestia com sal, pétalas de rosas e a embrulhava em tecidos que eram trocados a cada dois dias.

Quando teve seu primeiro filho, Ulysses, há cinco anos atrás, ela experimentou o parto de lótus pela primeira vez, ficando “ligada” ao menino por seis dias. Agora, com a filha de nove meses, ela optou novamente pela prática, alegando motivos físicos que podem ser conferidos em seu blog Mom.Me. De acordo com Adele, essa forma de parto é um processo instintivo que escolheu e que permite que ela fique ligada a seus filhos por horas ou dias depois do nascimento.

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“Este período prolongado de, literalmente, permanecer conectada às crianças, garantiu que eu pudesse ficar conectada com eles sem qualquer interferência médica desnecessária, como pesagem, banho ou exames”, escreveu ela em seu blog. O fluxo de sangue nas veias e artérias do cordão umbilical geralmente continua por alguns minutos após o bebê nascer e os defensores desse método de parto acreditam que a criança é exposta a stress desnecessário quando são separadas do fluxo. De acordo com Adele, a prática garante que os bebês fiquem com 30 ou 50% desse suprimento de sangue, além de células-tronco vitais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o momento ideal para que o cordão umbilical seja cortado, independentemente da idade gestacional ou peso da criança, é quando a circulação dentro do cordão tenha parado. Embora existam evidências de benefícios para o corte tardio do cordão umbilical, os obstetras do Colégio Real de Obstetras e Ginecologistas (RCOG britânico) alertam para os riscos da prática, por conta do alto risco de infecção. A técnica já foi tendência em 2008, principalmente no Reino Unido.

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“Se deixada por um período de tempo após o nascimento, existe um risco de infecção na placenta, que pode, por conseguinte, espalhar-se para o bebê”, disse um porta-voz do RCOG. De acordo com eles, a placenta é propensa à infecção por conter sangue e após um curto período de tempo que o fluxo do cordão umbilical tenha parado, a circulação na placenta também para, o que faz dela apenas tecido morto. “Se as mulheres querem optar pelo parto de lótus, o RCOG recomenda que seus bebês sejam cuidadosamente monitorados para detectar quaisquer sinais de infecção”, completou.

Porém, Adele, que estudou Linguística na Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido, descorda. Segundo ela, parece altamente improvável, já que a circulação do cordão é finalizada assim que ele começa a secar. “Não haverá nenhum sangue que possa sair da placenta e viajar até o bebê. Além disso, a evidência de tal infecção causada pelo parto de lótus é zero, ao contrário dos muitos casos de infecção causadas pelo ato de cortar o cordão umbilical”. Porém, a mãe afirma que não sabe se o método teve algum efeito sobre a qualidade de vida dos filhos, o que ela afirma é que essa prática promove uma experiência de parto muito mais relaxada.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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