OMS confirma que mosquitos geneticamente modificados podem ser usados para combater Zika

de Bruno Rizzato 0

Em uma nova declaração, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu que está analisando “abordagens inovadoras” para o controle dos mosquitos Aedes aegypti, conhecidos por espalhar Zika e dengue, incluindo a abordagem dos mosquitos geneticamente modificados (GM) testados de forma pioneira em Piracicaba (SP).

Assim sendo, a OMS confirmou que, caso os resultados continuem sendo bem-sucedidos, os mosquitos geneticamente modificados poderiam, finalmente, reduzir significativamente as populações de mosquito presentes na natureza, diminuindo ou até mesmo acabando com a propagação do vírus Zika.

Dada a situação de calamidade global causada pelo Zika, a criação de mosquitos que não podem infectar as pessoas pode ser uma forma eficaz para interromper o vírus. Mas, ao mesmo tempo, é uma ação decididamente controversa, com o potencial de alterar fundamentalmente a espécie, ou até mesmo dizimá-la por completo.

“Há uma série de medidas de controle conhecidas por evitar que o Vírus Zika se espalhe. Desenvolvimentos recentes, tais como o progresso em mosquitos geneticamente modificados, oferecem novas oportunidades para outras abordagens”, observou o setor estratégico da OMS.  

Estudos anteriores feitos com insetos geneticamente modificados têm demonstrado que as populações de mosquitos Aedes aegypti podem ser reduzidas em até 90%. “Eu acho que a utilização de mosquitos transgênicos pode acabar com este surto muito rapidamente. Nós estamos esperando para começar a ir em frente muito em breve e, em seguida, isso pode fazer uma diferença real”, disse Hadyn Parry, CEO da empresa britânica de genética Oxitec, que tem realizado os testes.

Além de investigar os mosquitos geneticamente modificados, a OMS diz que está realizando pesquisas para observar os efeitos da introdução de bactérias da espécie Wolbachia em populações de mosquitos Aedes aegypti. Elas poderiam impedir a incubação dos ovos do mosquito após as fêmeas acasalarem com machos que transportam as bactérias. Outra forma de suprimir os mosquitos poderia ser a esterilização dos mosquitos machos com baixas doses de radiação, conhecida como Técnica do Inseto Estéril (TIE).

Embora todos esses métodos sejam recentes e estejam em teste, algumas dessas estratégias podem, de fato, ser utilizadas para conter o Zika, e uma sinalização de atenção feita pela OMS é muito importante. “A OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a estimular o uso de intervenções atuais para controle do mosquito como método mais imediato de defesa, para testar criteriosamente as novas abordagens que poderiam ser aplicadas no futuro”, disse a organização em um comunicado.

Controvérsias e teorias da conspiração

Existem algumas teorias da conspiração que discutem os métodos dos mosquitos geneticamente modificados. Uma dessas teorias discute o interesse de Bill Gates em controle populacional, relacionando-o com a indústria das vacinas. Tudo isso se relaciona porque o fundador da Microsoft também é dono da Oxitec, que está realizando o experimento com os mosquitos transgênicos.

Há algumas versões diferentes dessa teoria, mas os principais argumentos utilizados pelos teóricos da conspiração relacionam a vacina de dTpa (tétano, difteria e coqueluche) – que foi adicionada à lista de vacinações de rotina para mulheres grávidas, em 2014 – ao surto. O problema é que a vacinação de dTpa nunca foi comprovada segura para uso durante a gravidez.

Apenas um ano depois, o Zika eclodiu no Brasil, e a fundação Bill e Melinda Gates lançou um programa para estudar as respostas imunes de mulheres grávidas ao dTpa. Porém, com o surto de Zika, principalmente no Brasil, o Governo Federal espalhou inseticidas nos bairros e casas para matar os mosquitos. Tal inseticida seria tóxico, oferecendo outro risco às mulheres grávidas e crianças.

Todos esses itens combinados seriam uma vitória definitiva para uma possível “agenda de controle populacional” criada pelo bilionário eugenista, desestimulando a procriação pelo mundo e causando problemas sérios em muitas regiões.

*imagem ilustrativa

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Pixabay

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