Novo estudo explora base neuronal da consciência

de Rafael Fernandes 0

Publicando suas conclusões no Journal of the Royal Society Interface, uma equipe internacional de pesquisadores sugere que a consciência possa ser produzida por um “caos ordenado” dentro do cérebro, com neurônios se comunicando de forma espontânea, formando padrões transitórios que aderem às estruturas subjacentes.

Tem sido frequentemente observado que a consciência é mais do que apenas a soma de nossa percepção sensorial. Pelo contrário, é uma experiência subjetiva contínua, moldada por nossos sentidos e montados em nossos cérebros. O modo pelo qual vários sinais de entrada são mesclados, a fim de formar um estado completo e ininterrupto de consciência é extremamente complexo.

Para tentar entender melhor os sinais que produzem a consciência, os autores do estudo decidiram ver o que acontece quando ela está desligada. Eles deram aos voluntários uma droga anestésica chamado propofol, e usaram ressonância magnética funcional (fMRI) para observar a atividade em seus cérebros durante vigília, sedação, inconsciência e recuperação.

Centrando-se sobre os padrões de sinalização diferiam entre o cérebro consciente e inconsciente, os pesquisadores foram capazes de tirar conclusões sobre como os neurônios se comunicam durante a consciência.

Eles descobriram que a mente plenamente consciente opera com o que eles chamam de “ponto crítico”, o que descrevem como “entre ordenado e desordenado”. Neste estado, os neurônios se comunicam uns com os outros, de acordo com a estrutura anatômica subjacente do cérebro, enviando sinais que respeitem as fronteiras físicas entre diferentes regiões cerebrais.

Por causa disso, um grande – porém limitado – número de caminhos possíveis existe para qualquer sinal particular. Todavia, é aí que a rigidez termina: os pesquisadores relatam que os neurônios não se comunicam ao longo das vias mais diretas. Na realidade, eles “exploram” cada permutação possível de conexões entre eles.

Em outras palavras, “a atividade cerebral espontânea pode ser entendida como uma exploração cada vez mais transiente (ou metastável) da vasta diversidade de rotas oferecidas pela conectividade estrutural subjacente”.

Sob os efeitos do propofol, no entanto, essas flutuações espontâneas não acontecem, com os padrões de sinalização emergentes um pouco díspares. Os autores do estudo descobriram que, quando a consciência está desativada, a comunicação entre os neurônios tende a ocorrer através da rota mais direta, em vez de explorar todas as conexões possíveis. Além disso, estas rotas não são necessariamente vinculadas à estrutura anatômica do cérebro.

Eles, portanto, alegam que essa comunicação direta é insuficiente para gerar a experiência da consciência, pois ela exige uma forma mais espontânea e caótica de distribuição de sinal.

Enquanto mais pesquisas são requisitadas para confirmar suas descobertas, os pesquisadores concluem que, qualquer partida deste ponto crítico de conectividade neuronal – seja resultado de um aumento ou uma diminuição da espontaneidade – é provável que resulte em perda de consciência.

Fonte: IFL Science Foto: Reprodução / Mundo Astral 7

Jornal Ciência