Inovação: incidir ondas de choque no pênis é a primeira alternativa ao Viagra criada em 15 anos

de Bruno Rizzato 0

O Viagra mudou a vida de milhões de homens que lidam com a disfunção erétil, mas a pequena pílula azul não é perfeita. Doses elevadas podem causar efeitos colaterais como dores de cabeça, perda auditiva, tonturas e dor de estômago.

Porém, pesquisadores descobriram uma alternativa viável ao Viagra, após 15 anos, e oferecem uma solução a longo prazo que pode ser usada por homens que não respondam aos medicamentos tradicionais. Trata-se de um tratamento extracorpóreo por ondas (ESWT), em outras palavras, significa incidir, no pênis, ondas sonoras de baixa intensidade.

A New Scientist relatou, no início deste mês, que várias equipes de pesquisa apresentaram suas descobertas de tratamentos por ESWT em uma reunião da Sociedade Europeia de Medicina Sexual, na Espanha, e com base nas provas dos últimos anos, o tratamento parece muito promissor.

Em 2013, por exemplo, uma equipe do Centro Médico Rambam, em Haifa, Israel, informou que em um teste realizado com 20 homens que haviam experimentando disfunção erétil durante pelo menos três anos, 15 deles estavam tendo ereções espontâneas fortes o suficiente para uma penetração, apenas seis meses depois do tratamento ESWT. Agora, um estudo maior está sendo realizado com 60 homens para ver os efeitos ao longo de um período de dois anos.

Em 2014, uma equipe liderada pela urologista Anne B. Olsen, do Hospital Viborg, da Dinamarca, recrutou 112 homens com disfunção erétil que não conseguiam ter relações sexuais com penetração e não estavam se medicando. Eles foram divididos em dois grupos, sendo que um recebeu cinco doses semanais de ondas sonoras de baixa intensidade em seis locais distintos de seu pênis, enquanto o outro grupo recebia placebos. Eles descobriram que 29 homens (57%) do grupo ESWT foram capazes de obter uma ereção e ter relações sexuais sem o uso de medicação, cerca de cinco semanas após o tratamento, enquanto apenas cinco homens (9%) do grupo do placebo apresentaram resultados semelhantes. Quando os pacientes foram acompanhados por 12 semanas após o tratamento, 28% ainda conseguiu ter ereções sem a intervenção.

“Esse tratamento é amigável, não tem efeitos secundários que necessitem de tratamento, e pode ser usado para todos os pacientes”, relatou a equipe em uma publicação do Scandinavian Journal of Urology. Além disso, ao contrário do Viagra, o tratamento dá aos homens com disfunção erétil a capacidade de ter ereções espontâneas. No ano passado, na reunião anual da Associação Urológica Americana de 2015, foram discutidos os resultados dos recentes ensaios clínicos multinacionais, e o ESWT foi considerado um “tratamento seguro, eficaz e bem tolerado para a disfunção erétil”.

Mas afinal, por que ondas sonoras têm um efeito positivo sobre a capacidade de um homem conseguir uma ereção? Um dos pesquisadores israelenses, Ilan Gruenwald, disse à New Scientist que, “o tratamento parece encorajar o crescimento de novos vasos sanguíneos no pênis”. Isso, por sua vez, estimula que o fluxo sanguíneo saudável retorne ao órgão.

Apesar de ainda ser cedo para qualquer conclusão, algumas clínicas ao redor do mundo já estão oferecendo o tratamento. Ele ainda precisa ser aprovado pelos órgãos reguladores, mas isso deve acontecer mais cedo ou mais tarde, caso resultados promissores continuem aparecendo. “Eu estava muito cético quanto a isso, mas agora passei a acreditar no tratamento”, disse Trindade Bivalacqua, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. Além disso, eles também pretendem descobrir como usar um tratamento semelhante para melhorar problemas sexuais femininos.

De acordo com a Sociedade Brasileira por Ondas de Choque (SBTOC), o tratamento por ondas de choque possui finalidades diversas, como inflamações. “As Ondas de Choque são um tipo de energia mecânica e não um choque elétrico, que penetra no tecido lesado e provoca um fenômeno chamado cavitação, onde microbolhas se rompem provocando microrroturas no tecido inflamado, determinando a liberação de substâncias anti-inflamatórias locais e também estimulando um aumento na microcirculação local”, relata a SBTOC em seu site oficial.

Fonte: NewScientist Foto: Reprodução / Novembro Azul

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