Homem encontrado em bloco de neve é “ressuscitado” após passar horas congelado

de Bruno Rizzato 0

Um homem de 25 anos de idade, congelado dentro de um bloco de neve, foi “ressuscitado” por médicos.

Justin Smith parecia estar morto, os paramédicos assumiram que ele havia falecido por hipotermia grave. No entanto, depois de um último esforço para reanimar seu coração, ele foi salvo, indo contra todas as probabilidades. Em suma, ele foi um caso pioneiro para a ciência médica.

Em fevereiro do ano passado, Smith foi encontrado quase totalmente coberto pela neve, ao lado de uma estrada. O legista, que chegou ao local, acredita que ele ficou deitado a uma temperatura de -20 °C durante 12 horas. Ele checou os batimentos de seu pulso e não encontrou sinais de vida. Não conseguiram sequer registrar sua temperatura pelo termômetro digital.

Smith foi levado de helicóptero para um hospital Lehigh Valley, nos EUA. A equipe de médicos e enfermeiros tentou aquecê-lo e reanimar seu coração usando a técnica de reanimação cardiopulmonar (RCP), mas não houve sucesso. Gerald Coleman, do departamento médico emergencial, que estava de plantão no hospital, decidiu verificar o potássio de Smith.

O potássio é vital para a comunicação entre os nervos e os músculos, incluindo os que estão dentro do coração. Uma concentração elevada dentro da corrente sanguínea indica que a atividade do músculo do coração está significativamente reduzida. No caso de Smith, isso significaria que o seu coração quase não tinha chances de ser reanimado. Porém, quando os níveis voltaram ao normal, a equipe do hospital acreditou em uma pequena chance para reverter a saúde do homem.

Usando uma técnica chamada oxigenação extracorpórea por membrana (ECMO), sangue quente e oxigenado foi inserido no coração e ao resto do corpo de Smith, mantendo seu coração batendo artificialmente. Improvavelmente, seu coração começou a tremer, ou, como se diz em termos médicos, “fibrilar”. Em seguida, a equipe conseguiu reanimá-lo.

Com auxílio de respiração artificial, o procedimento ECMO foi continuado por algum tempo. A equipe médica achava que ele poderia estar clinicamente morto, mas as varreduras dos sinais elétricos emitidos por atividade neurológica voltaram totalmente ao normal. Ele acordou do coma e, hoje, quase um ano depois do incidente, apesar de ter perdido alguns dedos dos pés por conta do congelamento, Smith é um indivíduo completamente saudável.

“Nenhum ser humano pôde sobreviver ao frio com uma temperatura corporal de 18°C e falta de pulso por 12 horas. Mas Justin Smith conseguiu”, disse John E. Castaldo, chefe da divisão de neurologia da Rede de Saúde de Lehigh Valley, em um vídeo produzido. Segundo ele, o segredo para a sua sobrevivência está na habilidade do corpo em retardar seu metabolismo, ou seja, o processo que converte oxigênio e nutrientes em energia.

Para cada grau que cai na temperatura do corpo, o metabolismo diminui cerca de 7%. Isto significa que, a temperaturas frias, as células do corpo necessitam de menos oxigênio, e a frequência cardíaca começa a diminuir para conservar a energia do corpo.

Mesmo que a temperatura interna do corpo de Smith tenha feito seu coração parar de bater, aparentemente, seu corpo tinha arrefecido a uma taxa suficiente para permitir que seu metabolismo se adaptasse, operando em níveis mínimos. A equipe médica reconheceu isso e trouxe ele de volta à vida.

Smith tornou-se a pessoa em uma temperatura mais baixa conhecida pela ciência médica a ter sobrevivido à hipotermia extrema. Os cientistas ainda não sabem exatamente como o cérebro dele ficou completamente intacto após passar pelo congelamento.

Fonte: IFL Science Foto: Reprodução / Lehigh Valley Health Network

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