Geólogos criam banco de dados pioneiro sobre o que acontece dentro do manto da Terra

de Merelyn Cerqueira 0

Pela primeira vez na história, geólogos compilaram um mapa global dos movimentos ondulatórios que ocorrem dentro do manto da Terra, as chamadas “correntes convectivas”.

Assim, eles descobriram que essas correntes estão se movendo cerca de dez vezes mais rápido do que acreditávamos.

Tal descoberta pode ajudar a explicar como a superfície da Terra mudou ao longo do tempo e até mesmo a formação de depósitos de combustíveis fósseis e alterações climáticas de longo prazo.

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Segundo o geólogo Mark Hoggard, da Universidade de Cambridge e principal autor do estudo, que foi publicado pela Nature Geoscience, em termos específicos, “a superfície da Terra sobe e desce como um ioiô”.

O interior do nosso planeta é um mistério científico permanente. Até hoje, e sem nunca ter perfurado essa superfície mais do que alguns quilômetros, os geólogos dependem de medições e modelos estimativos para terem noção do que está acontecendo dentro da Terra.

Acredita-se que o manto seja uma camada de cerca de 3 mil quilômetros feita de rochas comprimidas e com convectiva atividade que causa um grande impacto na superfície da Terra. 

Segundo ele, o interior das placas tectônicas está sendo forçado para cima e para baixo por convecção do manto. “Já tínhamos conhecimento, contudo, nos últimos 30 anos, não tivemos os dados para medi-los”, disse.

Porém, ao que tudo indica, isso está mudando, e graças aos novos perfis sísmicos de alta resolução e reflexão criados pela indústria do petróleo. A

descrição dessa sísmica de reflexão é uma técnica que a geologia usa para olhar profundamente a crosta terrestre. Isso é feito através da medição da reflexão e refração das ondas sísmicas que viajam para baixo.

O método pode revelar alterações numa escala precisa da espessura da crosta, que por sua vez se relaciona com convecção do manto.

Dessa forma, ao analisar mais de 2 mil medições de reflexões sísmicas coletadas através dos oceanos, Hoggard e seus colegas construíram o primeiro banco de dados global de convecção do manto.

Eles ficaram surpresos ao descobrirem diversas mudanças na espessura da crosta do fundo do mar, o que indica que a convecção do manto está ocorrendo com muito mais frequência do que pensávamos.

Essa visão profunda da Terra pode ajudar a explicar diversos fatores, tal como a formação das reservas de petróleo, por exemplo, que contam com a compactação de sedimentos repletos de matéria orgânica em decomposição.

A convecção do manto também pode ter um impacto surpreendente sobre o clima do planeta. Segundo os pesquisadores, ela pode afetar os padrões de circulação oceânica em grande escala, movendo correntes de calor em todo o mundo.

Fonte: Gizmodo Fotos: Reprodução / Gizmodo

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