Esqueletos encontrados na Roma Antiga teriam sido de imigrantes da África e da Suíça

de Bruno Rizzato 0

Uma questão controversa em muitas cidades modernas é a forma com que cada governo lida com imigrantes.

Porém, parece que a Roma Antiga era um verdadeiro ímã para os estrangeiros que procuravam uma vida melhor. Um novo estudo sugeriu que Roma de 2.000 anos atrás estava atraindo imigrantes de locais muito distantes do seu império. Uma análise de esqueletos encontrados enterrados em dois cemitérios antigos da cidade, datados do primeiro ao terceiro séculos d.C., mostrou que oito deles eram de lugares distantes como o Norte da África e os Alpes Suíços.

Os imigrantes, que eram em sua maioria crianças e mulheres, foram enterrados em sepulturas simples e parecem ter sido pobres, sugerindo que eles teriam vindo à cidade na esperança de melhorar de vida. No entanto, também é possível que eles fossem escravos trazidos para a cidade por seus senhores imperiais. Os pesquisadores disseram que o estudo é a primeira evidência de migrantes na Roma Antiga.

Em entrevista ao Daily Mail, a Dr.ª Kristina Killgrove, antropóloga da Universidade de West Florida, nos EUA, que conduziu a pesquisa, disse que os resultados mostraram que a cidade não atraiu apenas a elite que tinha condições de viajar, como também os mais pobres. “Os enterros são simples, com poucos bens. Nós não sabemos quem foi enterrado lá, mas a natureza simples dos enterros sugere que eles não eram da elite. Os registros históricos dizem-nos que as pessoas vieram a Roma tanto voluntariamente – como para encontrar trabalho, para casamentos ou para estudar – quanto involuntariamente – como escravos. Não há nada nos túmulos ou nos esqueletos que possa nos dizer se qualquer indivíduo em particular foi um migrante livre ou um escravo”, relatou ela.

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Segundo ela, existem lacunas históricas para confirmar exatamente tais migrações, mas a análise individual dos esqueletos, tentando descobrir suas experiências, pode ajudar nessa compreensão. Os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado na revista Public Library of Science One, analisou os restos mortais de 105 esqueletos encontrados enterrados em necrópoles Cala Bertone e Castellaccio Europarco. Ao examinar as proporções de isótopos de oxigênio, estrôncio e carbono nos dentes dos esqueletos, eles foram capazes de construir uma imagem da sua origem geográfica e sua dieta ao longo da vida. Os isótopos de água e alimentos tornam-se incorporados na estrutura cristalina dos dentes ao longo da vida, ajudando a fornecer um registro.

Os pesquisadores disseram que pelo menos quatro pessoas, incluindo duas crianças e dois adolescentes encontrados nos cemitérios, parecem ter vindo de um clima mais seco, como o Norte de África. Dois adultos do sexo masculino, um adulto de 50 anos de idade e um adolescente poderiam ter vindo dos Alpes Suíços.

Os pesquisadores também descobriram que a dieta das pessoas parece ter mudado significativamente quando se mudaram para Roma, possivelmente como uma adaptação à culinária local, composta principalmente por trigo, legumes, carne e peixe.

No entanto, os pesquisadores disseram que eles precisam realizar mais pesquisas, juntamente com a análise de DNA, para conseguirem mais pistas sobre quem eram essas pessoas e suas razões para a migração à capital romana.

Um estudo realizado no início desta semana afirmou que o Império Romano do Oriente foi destruído após um século de temperaturas baixas, que causaram a fome e a peste negra. Este período foi apelidado de Pequena Antiga Idade do Gelo Tardia e causou muitas migrações e conflitos políticos. A queda do Império Romano do Ocidente, em torno de 475 d.C., foi atribuída a fatores diversos, porém relacionados, como grandes migrações, aumento da cultura “bárbara” e a perda de territórios ao leste.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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