Descoberta genética revoluciona todo o conhecimento sobre a depressão

de Merelyn Cerqueira 0

Há uma série de debates sobre depressão ser um distúrbio psiquiátrico, neurológico ou ambos, e isso tem irritado muitos cientistas em todo o mundo, de acordo com informações da IFLScience. Mas um novo estudo publicado recentemente pela revista Nature Genetics sugere que a condição esteja associada ao campo neurológico, e os cientistas sugerem que diferentes variações genéticas possam aumentar o risco de desenvolvimento de depressão em uma pessoa.

Um estudo anterior descobriu que várias seções de genomas presentes em mulheres chinesas eram susceptíveis a aumentar os riscos de depressão, mas isso não foi observado em pessoas de ascendência europeia. Para esse estudo mais recente, em particular, a equipe analisou cuidadosamente os genomas de mais 300 mil pessoas com genética europeia, a fim de encontrar variantes em suas contrapartes chinesas.

Pelo menos 75.607 delas relataram estar vivendo um quadro clínico de depressão, e comparando-as com as pessoas não diagnosticados, a equipe conseguiu identificar peculiaridades genéticas que poderiam indicar maior propensão para estados depressivos. Inicialmente, eles descobriram que apenas duas regiões do genoma poderiam estar associadas à depressão, mas uma análise de dados obtidos a partir de quase 170 mil indivíduos extras, mudou o número de regiões para 15.

No total, 17 variantes genéticas foram identificadas como propensas ao aumento do risco da condição. No geral, elas só aumentam esses riscos em pontos percentuais, e no momento, há muito pouco que se possa fazer sobre isso para quem as possuem. Contudo, a conclusão do estudo é que a depressão tem um claro fundo biológico.

A depressão é relacionada à biologia, eu acho que isso vai ser útil para reduzir o estigma e mudar a forma como pensamos sobre a condição”, disse o coautor do estudo Roy Perlis, especialista em genética e distúrbios de humor psiquiátrico no Hospital Geral de Massachusetts, EUA.

Um dos problemas com a pesquisa é que ela se baseou em autodiagnóstico. Embora falemos muito sobre a condição atualmente, a maioria das pessoas não sabe exatamente o que ela significa. A depressão clínica é uma doença tão grave quanto qualquer condição física. São necessários exames adequados para determinar se um paciente a tem. Os sintomas tendem a envolver falta de esperança persistente, desinteresse em coisas de que costumava gostar e sonolência excessiva.

Estima-se que mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com a doença. E embora seja uma estatística desconcertante, isso significa que as pessoas não estão escondendo a doença e sofrendo sozinhas. Conforme lembrado pelo IFLScience, ela pode ser superada, e o primeiro passo é procurar ajuda profissional.

[ IFLS ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]

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