Corais criados em laboratório reproduziram com sucesso na natureza, pela primeira vez!

de Bruno Rizzato 0

Segundo um artigo publicado na Global Ecology and Conservation, pela primeira vez na história, os corais do Caribe cultivados em laboratório foram integrados e reproduzidos com sucesso às populações selvagens. É a primeira boa notícia sobre o caso, desde que o mundo entrou no terceiro maior evento de “branqueamento global de recifes e corais” registrado na história.

Os cientistas previram que o dano decorrente deste evento afetaria 38% dos recifes do planeta, dizimando 12.000 quilômetros quadrados nos próximos 12 meses. Estima-se que 80% de todos os corais do Caribe já desapareceram nas últimas quatro décadas. Isso motivou os cientistas do grupo de conservação internacional SECORE (que significa Sexual Coral Reproduction – reprodução sexual dos corais), a desenvolverem corais em laboratórios e inserir suas sementes no ambiente selvagem.

Em 2011, a descendência do coral Elkhorn (Acropora palmata) estava criticamente em perigo e foram recriadas a partir de gametas coletados, sendo plantadas em um recife um ano mais tarde”, disse Valerie Chamberland, uma ecologista especialista em recifes de corais do SECORE. Agora, apenas alguns anos depois, a equipe está colhendo os frutos do projeto. “Em quatro anos, estes corais de ramificação cresceram a um tamanho de uma bola de futebol e se reproduziram, simultaneamente com a sua população natural em setembro de 2015. Este evento marca a primeira criação bem-sucedida de uma espécie de coral do Caribe ameaçada durante sua idade reprodutiva”, completou Chamberland, emocionada.

O coral Elkhorn é uma das espécies mais distintas da natureza, e isso o torna vital para o habitat do coral do Caribe. Sua enorme ramificação – que pode crescer de 5 a 10 cm por ano, muitas vezes chegando a um diâmetro de 3,7 metros -, não apenas protege a costa de danos causados ​​por tempestades, como também fornece uma espaçosa “casa” para outras vidas marinhas, como lagostas e alguns tipos de peixe. Eles são considerados uma das espécies mais vitais do Caribe, mas com os eventos de branqueamento globais, eles também estão particularmente suscetíveis a doenças, tais como a varíola branca e doenças das faixas branca e preta. A espécie está listada como criticamente ameaçada desde 2008.

Embora a reprodução do coral em laboratório e sua reintrodução ao ambiente selvagem possam parecer simples, a equipe do SECORE levou anos para obter sucesso. O que torna o estudo tão emocionante é que, ao contrário de outras equipes ao redor do mundo que estão trabalhando em proteger as populações de corais, o SECORE encontrou uma forma de reprodução capaz de ter efeitos a longo prazo para o futuro da população selvagem.

“A maioria dos esforços de conservação de corais envolvem o que chamamos de ‘jardinagem de corais’, pela qual pequenos fragmentos são coletados e tratados em laboratório. Depois de crescerem a um tamanho saudável, eles são replantados no recife. Isso limita a expansão da diversidade genética, já que as mesmas combinações de genes são adicionadas de volta à comunidade”, explicou Brooks Hays, em seu artigo da United Press International, uma agência de notícias internacional localizada nos EUA.

Segundo a publicação, a jardinagem de coral não é o bastante para combater o dano generalizado aos recifes. O interessante seria descobrir maneiras de replicar a reprodução de corais saudáveis, o que a equipe do SECORE conseguiu fazer. Agora, os pesquisadores terão de esperar as ramificações destes corais criados em laboratórios para saber se poderão replicar a técnica em grande escala.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

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