Conheça as “teorias científicas” que fomentam preconceitos e atrapalham a humanidade

de Merelyn Cerqueira 0

Teorias como a de que os homossexuais são impedidos de doar sangue e de que o comportamento racista de alguém é justificado pela composição genética, são algumas das ideias mais bizarras que atrasam o progresso da humanidade. Elas justificaram ações desumanas praticadas no passado e que ainda refletem na sociedade atual.

Elas criam divisões entre nós, facilitam e fundamentam a discussão das mentes mais conservadoras. No entanto, muitas dessas ideias já foram amplamente desacreditadas por terem sidas provadas cientificamente infundadas.

Homofobia e a doação de sangue

Determinação criada nos anos 80, no auge da epidemia de AIDS, muitos países ainda rejeitam o sangue de doadores homossexuais, o Brasil, inclusive, é um deles.

Apesar de todos os avanços tecnológicos, que permitem identificar com 99,9% de precisão a existência do vírus no sangue, a polêmica ainda impede muita gente de ajudar. No entanto – e para endossar a homofobia da decisão -, homens heterossexuais que se envolveram em situações sexuais de risco ou que tenham recebido tratamento para DST, estão aptos a doar sangue quantas vezes quiserem. Provando assim, que a ideia é irracional e preconceituosa.

Chifres de animais no tratamento de doenças? Carne de répteis para prevenir o câncer? A medicina tradicional chinesa é possivelmente uma farsa

Responsável pela extinção em massa de inúmeros animais e por colocar alguns em perigo de extinção – como o rinoceronte de java – a Medicina Chinesa Tradicional também figura na lista das falsas teorias “científicas”.

Com origem datada no século XXVII a.C., um homem chamado Shennong catalogou cerca de 400 espécies de plantas. O dito livro da medicina tradicional dos chineses, hoje acumula mais de 1.000 plantas e 36 tipos de animais.

Alguns dos métodos recomendam a extração dos chifres de rinocerontes para controlar a pressão arterial, carne de jacaré para prevenir o câncer, garras de tigre para curar dor nas costas ou artrite e muito mais. No entanto, muitas das supostas “curas” já foram provadas falsas, com base em diversos estudos científicos.

Os herdeiros do primeiro reinado coreano e a teoria do puro sangue

Similar às proibições de casamentos entre raças diferentes, os coreanos acreditam na teoria do “puro sangue”. A crença deriva da ideia de que as pessoas do país são todas descendentes de Dangun, lendário fundador do primeiro reino coreano. Sendo assim, acreditam que o país é construído por uma única linhagem.

Em uma pesquisa realizada na Coreia do Sul em 2008, 42% da população afirmava nunca ter visto pessoalmente alguém que não fosse coreano. Logo, a teoria do puro sangue afeta o relacionamento de todos os coreanos. Os que cogitam se envolver com alguém que não seja da “linhagem” estão sujeitos à insultos raciais e até mesmo violência.

A teoria é fundamentalmente xenofóbica e faz com que os coreanos possuam opiniões extremas quanto a “mistura do sangue”.

Aparentemente, a fogueira para queimar as bruxas nunca se apagou

É conhecido, segundo registros históricos, que durante a Idade Média, mulheres associadas à bruxaria eram entregues vivas às fogueiras da Inquisição. No entanto, a prática parece ter deixado uma herança na sociedade atual.

As acusações ainda têm como alvos as mulheres, muito mais do que os homens, e são produzidas por testemunhas oculares ou falsas confissões provocadas por tortura. No Brasil, um “julgamento” que ganhou grande repercussão, aconteceu no Guarujá, em 2014. Uma dona de casa havia sido espancada e morta por dezenas de moradores após boatos, surgidos nas redes sociais, que afirmavam que a mulher sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de feitiçaria.

O racismo e a intolerância como “problemas genéticos”

O Determinismo Biológico é, por definição, uma teoria pseudocientífica que diz que o comportamento humano é relacionado a sua condição genética. Em outras palavras, a “teoria” levanta questões sobre o quão intencional ou não são nossas ações, além de servir para justificar o comportamento racista, sexista ou homófobico de alguém, com a sua composição genética.

No entanto, a ciência moderna tende a concordar que nossas ações estão relacionadas a uma combinação entre nossas tendências biológicas e o meio em que vivemos. Podemos tomar como exemplo o caso do médico Samuel George Morton, que durante o século XIX reuniu 1.000 crânios de diferentes raças humanas e mediu os seus tamanhos. Ele conclui que, em média, pessoas brancas possuem um cérebro maior do que os negros, fato que fez com que os proprietários de escravos acreditassem que esse era um “sinal biológico” que lhes dava o direito de subjugar escravos.

O debate sobre esse estudo continua, e muitos cientistas acreditam que, na verdade, poderia ter existido uma diferença entre os crânios, ou que inconscientemente Morton “encontrou” uma diferença que não existia, mas que seria bastante útil à época.

O formato do crânio e sua influência na capacidade mental de uma pessoa

Diretamente relacionada ao determinismo biológico citado acima, a frenologia, é um estudo que tende a determinar o caráter e a capacidade mental de uma pessoa segundo a sua estrutura craniana. Desenvolvida no final do século XVIII pelo médico Franz-Joseph Gall, a “teoria” beneficiou muito os donos de escravos e era muito popular até o século XX.

Para os escravizadores, essa teoria justificava a alegação de que os africanos não eram suficientemente inteligentes para que tivessem qualquer outro uso senão o de escravo. Já para os abolicionistas, a frenologia serviria para determinar a timidez de alguns escravos, indicando quais deles se tornariam violentos se fossem libertados.

[ List Verse / WWF ] [ Fotos: Reprodução / List Verse ]

Jornal Ciência