Conheça 4 técnicas de mumificação que eram realizadas pelos nossos antepassados

de Merelyn Cerqueira 0

As técnicas, que envolvem defumação ou até mesmo mergulhar um corpo no pântano, foram descobertas em múmias encontradas em diferentes partes do planeta.

Quando falamos em múmias, a imagem que vem à cabeça são as características múmias egípcias já bem conhecidas por todo nós. No entanto, culturas de todo o mundo buscaram e encontraram diferentes maneiras de preservar os mortos, seja por meio de ressecamento, imersão do corpo dentro de um pântano ou utilizando um processo de defumação, como vamos entender abaixo, em uma relação de tipos de múmias feitas pela National Geographic.

1 – As múmias dos pântanos

Foto: Reprodução / Wikipédia
Foto: Reprodução / Wikipédia
Homem-de-Tollund-01
Foto: Reprodução / Wikipédia

Conhecidas como “Bog bodies” (corpos do pântano, em tradução livre), essas múmias foram descobertas na Europa, em turfeiras da Irlanda, Dinamarca e Inglaterra e foram primorosamente preservadas devido à falta de oxigênio no interior do pântano, o que impede que as bactérias iniciem o processo de decomposição. No entanto, apesar do pântano dizer muito sobre o estilo de vida desses antepassados, ele destrói completamente o DNA, impedindo que a linhagem dos corpos encontrados, seja identificada.

Segundo a Karin Margarita Frei, pesquisadora que estuda os “corpos do pântano” para o Museu Nacional da Dinamarca, os corpos encontrados nestas condições podem estar associados a reis que falharam em proteger o seu povo, portanto, foram brutamente assassinados e depois jogados nos pântanos. 

Uma das mais recentes múmias encontradas, foi localizada em 2011 em um pântano na Irlanda e foi registrada como o mais antigo “bog body”, com 4 mil anos de idade, 500 anos mais velha do que Tutancâmon, do Egito.

2 – As múmias Chinchorro

Foto: Reprodução / Wikipédia
Foto: Reprodução / Wikipédia

Caracterizadas como as mais antigas do mundo, essas múmias foram localizadas no Chile. Os Chinchorros eram um povo que viveu há cerca de 9 mil anos atrás, no que hoje é conhecido como o sul do Peru e o norte do Chile.

O mais famoso cemitério Chinchorro está localizado entre as cidades de Arica e Cobija, no Chile, onde descansam os restos mortais dos corpos conhecidos como “múmias pretas”. Isso porque, elas eram cobertas de manganês, que dava a cor preta aos corpos.

Para criar uma múmia, os Chinchorros cortavam sua a cabeça, braços, pernas e também retiravam seus órgãos. A pele era tirada do corpo, para a aplicação de uma camada de argila, e recolocada mais tarde. Após isso, eles lustravam o corpo com manganês, que deixava a múmia com a cor preta. Como toque final, pelos e cabelos eram adicionados ao corpo pintando.

Ninguém sabe ao certo por que os Chinchorros mumificavam os seus mortos. É possível que eles acreditassem em vida após a morte, ou apenas realizassem rituais mortuários relacionados a seus antepassados.

3 – As múmias do século XXI

Você sabia que alguns habitantes da Papua Nova Guiné ainda mumificam os seus mortos?

Após a morte, os corpos são colocados em uma cabana e defumados até que pele e órgãos fiquem ressecados. Em seguida, eles são cobertos por um barro vermelho, o que ajuda a manter a estrutura do corpo, e são colocados em um santuário na selva, onde são realizadas celebrações. Os entes queridos podem visitar as múmias e até mesmo “conversar” com seus antepassados.

A prática foi documentada pela primeira vez em 1907, pelo explorador britânico Charles Higgins. Na década de 50, viajantes missionários chegaram as aldeias e desencorajaram a prática. No entanto, ainda existem algumas delas em que os ancestrais são defumados e reverenciados após a morte.

4 – Automumificação

Alguns de nossos ancestrais não esperavam serem mumificados por alguém, eles resolviam isso com as próprias mãos. A prática era realizada por monges budistas do Japão, China e Índia e alguns deles acreditavam que o resultado final seria a obtenção de poderes especiais ou despertar como se estivessem dormindo um longo sono.

Para realizar o procedimento, os monges restringiam-se a uma dieta de nozes e sementes durante três anos, depois, passariam mais três anos comendo apenas cascas e raízes. O objetivo era eliminar toda a gordura de seus corpos, para que, quando estivessem mortos, as bactérias que os procurassem, tivessem menos comida disponível.

A ideia da dieta foi do Grande Mestre budista Kukai, que a seguiu à risca antes de realizar o ritual em uma caverna, de acordo com um artigo de 1962 publicado pela revista History of Religions.

Durante esse processo, os monges bebiam um chá venenoso que os fazia vomitar várias vezes para que perdessem todos os fluidos corporais restantes. A falta de água e o veneno em suas veias, tornaria ainda mais difícil a ação das bactérias. Assim, quando eles pressentiam que o fim estava próximo, iam para um túmulo equipado apenas com um tubo de ar e um sino. Eles meditavam e tocavam o sino diariamente para mostrar que ainda estavam vivos, quando o sino parava de tocar, o suprimento de ar era cortado e o túmulo selado.

De fato, e apesar de tanto trabalho dedicado à prática, nem todas as tentativas eram bem-sucedidas, algum dos monges eram simplesmente encontrados pelas bactérias e decompostos normalmente.

Hoje, a prática é desencorajada pelos líderes religiosos budistas, no entanto, em 2015 um líder budista foi encontrado nessas condições, enterrado sob uma estátua de Buda, na China.

[ Fonte: National Geographic / Acemprol / Gizmodo ]

[ Foto: Reprodução / Buffalo Museum of Science ]

Jornal Ciência