A meditação tem sido associada a uma série de benefícios à saúde ao longo dos anos, tanto por alterar as células cancerígenas quanto por melhorar a saúde do coração.
Agora, uma pesquisa mostrou que a meditação pode realmente mudar a forma, o volume e a conectividade de nossos cérebros. Até então, ninguém sabia como essas mudanças cerebrais podem afetar nossa saúde em geral.
Agora, uma nova pesquisa pode ajudar a explicar a ligação entre mente e corpo, com um estudo mostrando que os adultos que praticaram a meditação não só tiveram sua conectividade cerebral alterada, como também tiveram redução nos níveis de Interleucina 6 (IL-6) – uma interleucina que atua como uma citocina pró-inflamatória e uma miocina anti-inflamatória – em apenas quatro meses.
Isso é importante pois, em doses elevadas, a Interleucina-6 tem sido associada a doenças relacionadas à inflamação, como o câncer, Alzheimer e doenças autoimunes.
“Nós temos visto agora que o treinamento de meditação pode reduzir biomarcadores inflamatórios em vários estudos iniciais, e este novo trabalho mostra que o treinamento leve da mente pode fazer o cérebro produzir benefícios para a saúde”, disse o pesquisador David Creswell, da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA.
Para descobrir isso, a equipe recrutou 35 adultos desempregados, com altos níveis de estresse, e enviou-os de forma aleatória a retiros de três dias. Um deles ensinava meditação leve, ou uma que simplesmente ajudasse a relaxar, sem qualquer foco na atenção plena.
As varreduras do cérebro antes e depois da experiência revelaram que as pessoas que tinham concluído a meditação, desenvolveram uma maior conectividade funcional, o que significa que as células cerebrais localizadas em regiões envolvidas na atenção e no controle de tarefas estavam trabalhando melhor em conjunto do que estavam antes. Estas mudanças não foram vistas nas pessoas que haviam simplesmente ido descansar.
Um resultado ainda mais impressionante mostrou que, quando os pesquisadores analisaram amostras de sangue – colhidas quatro meses após os retiros -, o grupo de meditação havia reduzido os níveis de interleucina-6, ao contrário dos outros grupos.
Se o fato for confirmado por outros estudos, os resultados podem sugerir que as mudanças na conectividade cerebral provocadas pela meditação poderiam realmente reduzir o risco de doenças relacionadas com a inflamação em pouco tempo.
“Nós pensamos que essas mudanças cerebrais fornecem um marcador neurobiológico para melhorar o controle executivo e a resiliência ao estresse, de tal forma que a meditação melhora a capacidade do cérebro de lidar com o estresse. Essas mudanças melhoram uma ampla gama de resultados de saúde relacionados com o estresse, tais como sua saúde inflamatória”, disse Creswell.
O tamanho da amostra envolvida neste estudo, que foi publicado na Biological Psychiatry, foi muito limitado, portanto, mais pesquisas precisam ser feitas antes que possamos dizer com certeza que a meditação está afetando essa via de inflamação. Mas o estudo é mais uma das evidências que sugerem que a meditação traz benefícios reais à saúde, sem quaisquer efeitos adversos. A meditação leve envolve simplesmente passar um período de tempo focando no presente, sem se distrair com outros pensamentos ou com o mundo ao seu redor. É possível praticá-la em casa, seguindo instruções encontradas pela internet.
Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Pixabay