Cientistas podem ter resolvido o mistério da ausência de meteoritos de ferro na Antártida

de Bruno Rizzato 0

Estima-se que milhares de meteoritos entrem na atmosfera da Terra anualmente. A maioria dos que são recuperados encontra-se na Antártida. Uma das razões para isso é que no solo totalmente branco e limpo da Antártida, fica mais fácil detectar as rochas espaciais, que são muitas vezes de cor escura.

Porém, um tipo específico de meteorito, rico em ferro, nunca foi encontrado na região, proporcionando um mistério que tem intrigado cientistas há décadas.

Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores no Reino Unido poderia oferecer uma solução para o enigma: meteoritos ricos em ferro são raramente encontrados na Antártida porque acumulam calor dos raios do Sol e derretem a superfície, ficando abaixo da camada superior de gelo.

“O estudo propõe uma hipótese de que essas amostras devem estar sob o gelo. Nós apenas temos que ir até lá e localizá-las”, disse Katherine Joy, pesquisadora da Universidade de Manchester, na Inglaterra. 

A equipe acredita que esse “tesouro” de meteoritos ricos em ferro poderia estar escondido a apenas alguns centímetros abaixo da superfície, mas que o alto conteúdo metálico transformou-os em dissipadores de calor alimentados por raios solares. Ao contrário de meteoritos não-metálicos, a sua capacidade de ficar mais quente durante o dia significa que eles são muito mais difíceis de encontrar, já que estão afundando sempre abaixo da superfície visível.

Além do contraste visual em sua aparência, os meteoritos não-metálicos são frequentemente encontrados na Antártida devido à dinâmica do fluxo de gelo que transporta meteoritos enterrados para cima do gelo em regiões superficiais chamadas de Meteorite Stranding Zones (MSZs), algo como “Zona de Encalhe de Meteoritos”.

Essa área engloba dois terços dos meteoritos encontrados na Terra, mas de acordo com os pesquisadores, a dinâmica de fluxo é impedida ou negada pelo calor dos meteoritos ricos em ferro. O fenômeno gelado pode ser capaz de levantar rochas enterradas, mas não pode fazer o mesmo com as rochas aquecidas entre 50 a 100cm abaixo do gelo, aproximadamente

Os resultados da equipe, publicados na revista Nature Communications, são baseados em modelos matemáticos que revelam como os processos de descongelamento e congelamento podem cancelar o transporte de meteoritos com alta condutividade térmica à superfície – como rochas ricas em ferro – ao contrário do que acontece àqueles com condutividade inferior. Agora, o próximo passo é encontrá-los e estudá-los, utilizando radares e detectores de metais.

“Com a forte possibilidade de que exista uma reserva de meteoritos escondida logo abaixo da superfície de gelo de áreas da região antártica, encontrar provas conclusivas de sua existência é fundamental para nossa compreensão da formação do Sistema Solar.

O desafio está definido: ser a primeira equipe a localizar essa reserva de meteoritos e recuperar amostras a partir deles” disse o pesquisador Geoff Evatt, em um comunicado de imprensa.

[ Fonte: Daily Mail ]

[ Foto: Reprodução / Universidade de Manchester ]

Jornal Ciência