Cientistas fazem descoberta surpreendente no Cometa 67P!

de Bruno Rizzato 0

Cientistas afirmam terem descoberto uma inesperada presença de oxigênio molecular na atmosfera do Cometa 67P (Churyumov-Gerasimenko).

A descoberta, publicada na revista Nature, feita pela sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, poderia ter implicações importantes na história da formação do Sistema Solar.

“Não parece tão espetacular, mas na verdade é a descoberta mais surpreendente que fizemos até agora, em 67P, porque o oxigênio não estava entre as moléculas esperadas na atmosfera dos cometas”, disse a coautora do estudo, Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, na Suíça, em uma coletiva de imprensa.

A descoberta foi feita usando um espectrômetro de massa que registrou uma abundância de oxigênio, sendo o quarto gás mais comum na atmosfera – depois de água, monóxido de carbono e dióxido de carbono. O fato é surpreendente, pois o oxigênio molecular é muito reativo. A maioria dos modelos concluía que, durante a formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos, quando havia uma grande quantidade de hidrogênio ao redor, quase todo o oxigênio molecular houvesse reagido com este hidrogênio formando água, ou seja, teria deixado de estar presente.

Mas os pesquisadores descobriram que a proporção de oxigênio na atmosfera do cometa, manteve-se constante ao longo de vários meses. Isto significa que o oxigênio molecular deva estar presente em todo o corpo do cometa, possivelmente armazenado por bilhões de anos, aparecendo agora na atmosfera por conta do aquecimento do Sol.

“Agora temos evidências de que partes significativas deste cometa, de fato, sobreviveram ao aquecimento da formação do Sistema Solar”, disse o autor André Bieler, da Universidade de Michigan, nos EUA. Agora, os pesquisadores não sabem ao certo como o oxigênio molecular chegou lá. Acreditam que ele deva estar presente na formação do cometa, podendo ter sido preso em águas congeladas.

Mesmo que o oxigênio molecular estivesse lá no início, ele não deveria ter sobrevivido até agora, com base em teorias atuais sobre como o Sistema Solar evoluiu. Isso sugere que o processo de construção do Sistema Solar pode ter sido mais suave do que pensávamos, com muitos objetos se formando mais longe do Sol do que o esperado, com uma incidência menor de calor.

A maioria dos cometas reside, atualmente, no Cinturão de Kuiper e na Nuvem de Oort, na borda do Sistema Solar, mas eles podem ter se originado mais perto do Sol. Se a órbita de 67P não estivesse muito perto, como este estudo sugere, seria possível que o O2 molecular permanecesse congelado nele.

O oxigênio molecular nunca foi encontrado em um cometa anteriormente, porque é difícil de ser detectado por telescópios, exigindo medições diretas, como as feitas por Rosetta. O gás tem sido visto em outros corpos gelados, como as luas de Júpiter e Saturno, mas essas detecções podem ser explicadas pelo impacto de partículas de alta energia de seus planetas.

O mesmo processo não poderia explicar a existência de oxigênio molecular por todo o corpo do Cometa 67P. Deste modo, a existência da substância no corpo permanece confusa. A descoberta pode forçar uma revisão sobre a forma como alguns corpos foram formados.

Fonte: IFL Science Foto: Reprodução / ESA / Rosetta / NAVCAM

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