Cientistas divulgam estudo sobre a tripofobia, o medo de ver buracos agrupados

de Merelyn Cerqueira 0

A tripofobia ainda não é oficialmente reconhecida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, mas despertou interesse nos cientistas Geoff Cole e Arnold Witkins, ambos da Universidade Essex, no Reino Unido, após um grande número de relatos invadirem fóruns na internet falando sobre o assunto. O estudo foi publicado pela revista Psychological Science, e mostra os efeitos que uma superfície cheia de furos pode causar em uma pessoa.

Existe até um site que trata sobre o assunto: o trypophbia.com (se você sofrer do problema, não recomendamos abrir a página), e que traz diversas imagens que podem causar até mesmo um ataque de pânico em pessoas que sofrem desse transtorno. O site foi usado como base para os estudos dos cientistas, que utilizaram as imagens divulgadas para analisar a reação de 286 pessoas.

De acordo com os cientistas, cerca de 16% dos entrevistados ficaram desconfortáveis com as imagens que tinham sido identificadas como indutoras de tripofobia. Os outros 84% não demonstraram nenhuma perturbação. Em um dos relatos, um participante descreveu a reação aos furos, dizendo que as imagens foram capazes de lhe fazer sentir ânsia de vômito, vontade de chorar e agitação. 

Os cientistas resolveram analisar as características de cada imagem, de acordo com traços e cores. Fazendo isso, eles descobriram um fator comum: o alto contraste, que ressalta os detalhes e faz com que os furos se sobressaiam aos olhos. Sendo assim, outras imagens, que não tinham relação nenhuma com o tema do site, foram mostradas aos participantes, e ainda assim eles tinham a mesma reação. As semelhanças entre as fotografias fizeram com que cientistas acreditassem que não é exatamente dos buracos que essas pessoas têm medo, e sim de uma associação mental que elas fazem entre a aparência dos buracos e uma sensação de perigo.

Os buracos, segundo eles, “estimulam uma porção primitiva do cérebro que associa a imagem a algo perigoso”. Ou seja, trata-se de um reflexo inconsciente que resulta em reações de pânico, podendo causar tremedeiras, formigamentos, coceiras e náuseas, em uma pessoa que não se sente confortável com a visão dos pequenos furos.

[ Washington Post ] [ Foto: Reprodução / Roger Deeble via Whashington Post ]

Jornal Ciência