Cientistas desenvolvem algoritmo que “aprende” tão rápido quanto os seres humanos

de Bruno Rizzato 0

Um novo algoritmo desenvolvido por pesquisadores dos EUA diminuiu drasticamente a quantidade de tempo necessária para a Inteligência Artificial (IA) aprender coisas novas, trata-se de uma máquina capaz de reconhecer e desenhar símbolos visuais que são, em grande parte, indistinguíveis daqueles desenhados por pessoas.

A pesquisa destaca como, apesar das imperfeições, as pessoas são realmente muito eficientes em termos de aprendizagem. Os seres humanos só precisam de alguns exemplos antes de replicarem o que aprendeu. Em comparação, o reconhecimento de padrões para a maioria das máquinas – como computadores aprendendo a identificar rostos específicos, ou a reconhecer caracteres digitados em um cheque ou vale – geralmente envolve um extenso problema de aprendizado antes da IA tornar-se precisa. Porém, isso pode ter acabado.

Usando um programa de aprendizagem chamado Bayesian, os pesquisadores criaram um algoritmo que utiliza de forma efetiva programas de construção de códigos para reproduzir símbolos visuais particulares.

Em vez de simplesmente copiar o mesmo caractere aprendido, o algoritmo probabilístico desenha o símbolo ligeiramente diferente, em cada exemplo, com base em um “modelo generativo” de criação. Assim, a IA é muito semelhante a um humano, pois nós, por exemplo, nunca escrevemos uma carta exatamente da mesma maneira.

Os pesquisadores expuseram seu algoritmo a 1.600 tipos de caracteres manuscritos de 50 sistemas de escrita do mundo, incluindo o sânscrito e tibetano. Eles até inventaram símbolos existentes na famosa animação Futurama. Depois da IA aprender os caracteres e poder reproduzi-los de forma independente, os pesquisadores conduziram um “teste visual” para ver se os juízes humanos poderiam dizer quais símbolos foram desenhados pela IA e quais foram desenhados pelos humanos. Em última análise, a escrita da máquina provou-se indistinguível a renderizações humanas, com acerto de menos de 25% dos juízes, que relataram à revista Science que, em sua maioria, deram apenas um “chute”.

“Antes de chegar ao jardim de infância, as crianças aprendem a reconhecer novos conceitos a partir de apenas um único exemplo, e podem até mesmo imaginar novos exemplos que eles não tenham visto. Nós ainda estamos longe de máquinas tão inteligentes quanto uma criança humana, mas esta é a primeira vez que temos uma máquina capaz de aprender e usar uma grande classe de conceitos do mundo real – conceitos visuais, mesmo simples, como caracteres manuscritos – de maneiras que são difíceis de distinguir dos seres humanos”, disse Joshua Tenenbaum, pesquisador de ciências cognitivas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA.

As aplicações potenciais de um algoritmo de aprendizagem tão rápida são promissoras. “Imagine se seu smartphone pudesse fazer isso. Você pode usar uma palavra e seu smartphone pergunta-lhe o que significa, sendo capaz de reconhecer a próxima vez que você está dizendo isso para construir seu próprio repertório. Melhorar a capacidade das máquinas de adquirir rapidamente novos conceitos terá um enorme impacto sobre muitas tarefas diferentes relacionadas à inteligência artificial, incluindo processamento de imagem, reconhecimento de voz, reconhecimento facial, compreensão da linguagem natural e recuperação da informação”, concluiu Tenenbaum em entrevista ao The Telegraph.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / nyu.edu

Jornal Ciência