Cientistas descobrem que, caso o Homem-Aranha existisse, ele não poderia escalar paredes. Entenda!

de Bruno Rizzato 0

Lagartixas são conhecidas por sua capacidade de aderir a quase qualquer tipo de superfície, fazendo com que sejam escaladoras fantásticas.

Na verdade, elas são as maiores criaturas capazes de realizar movimentos em paredes verticais. Agora, um novo estudo concluiu que isso acontece por conta do tamanho do corpo do animal em relação a estruturas presentes em seus pés.

A impressionante capacidade de escalada da lagartixa é devido a bilhões de estruturas, semelhantes a minúsculos pelos, que estão presentes em suas patas. Tais estruturas são pequenas o suficiente para que ocorra a chamada Força de Van der Waals entre as moléculas, ou seja, a soma de todas forças atrativas ou repulsivas que se tornam nulas. Isso também ocorre com outros animais com habilidades semelhantes, como aranhas, baratas, e besouros, bem como morcegos e lagartos. Embora sejam criaturas bastante diferentes em muitos aspectos, todas possuem patas pegajosas de tamanhos variados.

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David Labonte, zoólogo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e vários colegas mediram o tamanho destas estruturas nas patas, em relação à área de superfície corporal, em 225 animais, que vão desde os ácaros às lagartixas. Eles descobriram que as “estruturas adesivas” dos ácaros, por exemplo, requerem uma área corporal 200 vezes menor para superfície em comparação com os Gecko, répteis escamados da família dos lagartos.

Para exemplificar a complexidade destas estruturas, se o personagem Homem-Aranha, de fato, existisse, seria preciso que 40% de seu corpo fosse coberto com estes “adesivos”, sendo 80% apenas na parte frontal, caso ele quisesse escalar um edifício vertical. “Se um humano quisesse subir uma parede como uma lagartixa, precisaríamos de impraticáveis e pegajosos grandes pés de tamanho 143”, disse o coautor do estudo, Walter Federle, em um comunicado de imprensa.

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Isso porque a área de superfície corporal por volume diminui à medida em que um animal cresce em tamanho, segundo Labonte. “Uma formiga tem muita área de superfície e volume muito pequenos, e um elefante tem muito volume pouca área de superfície”, explicou ele. Animais maiores e mais pesados ​​precisam de muito mais aderência para escalar uma superfície vertical, mas simplesmente não possuem área de superfície corporal suficiente para que as estruturas em suas patas sejam suficientemente efetivas.

Há um grande interesse dos cientistas no desenvolvimento de adesivos de inspiração biológica. Até agora, os protótipos têm se mostrado eficazes em áreas muito pequenas, e o estudo da Universidade de Cambridge ajuda a explicar este funcionamento. Mas estruturas maiores nas patas não são as únicas estratégias que animais criaram para aprimorar a escalada.

Os pesquisadores descobriram que as rãs de árvore, por exemplo, ficaram com as patas mais rígidas, e não maiores. Se os cientistas puderem desvendar este mecanismo de forma exata, daríamos um passo adiante na criação de adesivos superpoderosos, no futuro.

Fonte: Gizmodo Foto: Reprodução / David Labonte / Universidade de Cambridge

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