Cientistas capturam momento em que “faíscas” são liberadas durante a fecundação humana

de Merelyn Cerqueira 0

Em um estudo publicado pela Scientific Reports, cientistas relataram um extraordinário fato que ocorre durante a fecundação.

No momento em que o espermatozoide penetra um óvulo, são liberados bilhões de átomos de zinco, que acabam desencadeando uma reação semelhante a ‘faíscas’. Utilizando um microscópio de fluorescência, os pesquisadores conseguiram o momento em que as luzes são emitidas. A descoberta, que relata esse processo durante a fecundação, pode, em breve, auxiliar os médicos na identificação de óvulos saudáveis para fertilização in vitro.

De acordo com Teresa Woodruff, uma das autoras do estudo, o acontecimento foi extraordinário. “Nós descobrimos essa centelha de zinco há cinco anos em ratos, e ver o zinco irradiar-se durante a fecundação humana foi de tirar o fôlego. Toda a biologia começa nesse exato momento da fecundação”, disse.

Esse experimento pôde ser realizado após os cientistas injetarem nos óvulos uma enzima liberada pelo espermatozoide. Isso porque eles não foram autorizados a usar esperma de doadores devido a restrições atuais sobre pesquisas com seres humanos. Contudo, estudos anteriores, que utilizaram óvulos de camundongos e espermatozoides, mostraram a mesma reação. A enzima do espermatozoide aciona o cálcio do óvulo para que ele aumente e, assim, acontece a liberação de zinco.

Em seguida, o zinco se prende a pequenas moléculas que emitem luzes e que podem ser observadas através da microscopia de fluorescência (após serem submetidas à luz ultravioleta algumas substâncias são capazes de emitir luzes). Isso significa que, quando os espermatozoides atingem os óvulos, acabam liberando bilhões de átomos de zinco, causando os pequenos ‘flashes’ de luzes.

No desenvolvimento de um embrião, o nível de zinco existente dentro de um óvulo pode ter implicações importantes no modo como o embrião recém-fertilizado cresce. Essa descoberta sugere que as faíscas produzidas pelos óvulos são um marcador direto da quantidade de zinco presente.

Assim, isso poderia dar aos médicos um novo método com aplicações na área da fertilização in vitro. De acordo com cientistas, eles poderão ser capazes de escolher os melhores óvulos e com maiores chances de sobrevivência.

 

[ IFLS ] [ Foto: Reprodução / Northwestern News/Duncan et al. 2016 ]

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