Cientista alerta para que atletas olímpicos no Rio “não coloquem a cabeça debaixo da água”

de Merelyn Cerqueira 0

Faltam poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos de 2016 e a cidade do Rio de Janeiro tem apresentado vários problemas, incluindo os sofridos pelas delegações na Vila Olímpica. Agora, os resultados de um estudo de 16 meses de duração revelaram que a água utilizada para a prática olímpica e paraolímpica pode ser prejudicial para a saúde dos atletas.

Ela não contém somente esgoto e bactérias, mas também níveis virais considerados perigosos, o que, de acordo com os cientistas, é “inédito”. O estudo em questão foi encomendado pela agência de notícias Associated Press, e revelou a presença de um adenovírus infeccioso – que causa doenças respiratórias, sintomas gripais, bronquite, pneumonia, diarreia e conjuntivite – em quase 90% dos locais de testes.

Os primeiros resultados do estudo foram publicados em março deste ano e revelavam que a Lagoa Rodrigo de Freitas – planejada para ser usada na modalidade de remo olímpico –  continha o valor de 1,73 bilhões de adenovírus por litro. Isso, segundo eles, é 1,7 milhões de vezes mais do que seria considerado perigoso nos países do Reino Unido e nos Estados Unidos. Os pesquisadores sugeriram que a ingestão acidental de pelo menos três colheres de chá desse material “quase certamente” infectaria alguém com o vírus.

No entanto, desde o lançamento desses resultados iniciais, as autoridades responsáveis aumentaram seus esforços para limpar as águas que serão utilizadas nos esportes aquáticos. Em leituras realizadas a partir de junho, os níveis foram baixados para 248 milhões de adenovírus por litro, algo ainda considerado perigoso.

Em Marina da Glória, início das séries de vela olímpica, os níveis do adenovírus aumentaram de 26 milhões por litro, em uma leitura feita em março deste ano, para 37 milhões na última leitura realizada em junho. Segundo a especialista e biomédica, Valerie Harwood, da Universidade do Sul da Flórida, o conselho é que os atletas que irão competir “não coloquem a cabeça debaixo da água”.

Há de se considerar que a Associated Press ainda não tornou pública toda a investigação, por isso os resultados só estão sendo revelados agora, conforme lembrou a Science Alert. É importante notar também que, enquanto tudo isso soa alarmante, os atletas não parecem estar tão preocupados. Segundo a assessora da equipe australiana e ex-atleta olímpica, Kitty Chiller, seus remadores têm duas regras essenciais para sobreviver à essas águas: “primeiro, não cair para fora do barco” e segundo, se isso acontecer “manter a boca fechada”.

Há poucas esperanças de que quaisquer esforços de limpeza realizados agora façam alguma diferença, já que os jogos estão prestes a começar. Logo, o que se espera é que a saúde de nenhum atleta seja comprometida, porque não há medalha que amenize isso.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / A Crítica ]

Jornal Ciência