Após mudar seu estilo de vida, indiano residente nos EUA produz até duas sacolas de lixo por ano

de Bruno Rizzato 0

Darshan Karwat, pós-doutorado na Universidade de Michigan, nos EUA, ganhou fama, recentemente, por ter mantido um estilo de vida sustentável durante seus anos de estudante. O homem parou de consumir fast-food, deixou de comprar roupas novas e até mesmo papel higiênico. Ele chegou ao ponto de fazer seu lixo anual ser apenas dois sacos plásticos.

Karwat, natural da Índia, começou a se livrar do lixo quando morava em Ann Arbor, em Michigan, e conseguiu mantê-lo baixo por dois anos e meio. No primeiro ano, ele produziu apenas 3,5 quilos de lixo, e, no segundo, reduziu o número para 2,7 quilos. Isso representa 0,4% dos 680 quilos anuais de lixo produzidos pelos estadunidenses, em média. 

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O indiano foi inspirado por um programa de rádio chamado “A Story”, quando ouviu que um casal britânico vivia livre de lixo. “Eu caminhava para casa, do meu laboratório na Universidade de Michigan, e disse ao meu companheiro de quarto, Tim, que pensei que poderia viver melhor sem o lixo”, escreveu ele em um artigo para jornal The Washington Post.

Seu lixo consistia, principalmente, de alguns sacos de batatas fritas, vidro, tampas de garrafa de leite e restos de comida e frutas. Ele, obviamente, teve de fazer muito sacrifícios, como parar de comprar alimentos embalados, beber leite de garrafas de vidro recicladas, e interromper o consumo de objetos e vestimentas.

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Ele carregava seu próprio garfo, colher, prato, e uma bacia para onde quer que fosse, apenas para evitar talheres de plástico. “Eu precisava mudar a maneira de viver, e eu precisava de alguns parâmetros. Restos de comida, creme dental e sabonete (que eram muito difíceis de recuperar), e papel higiênico precisavam deixar de existir. Eu guardava todas as notas, ingressos, etiquetas, embalagens de plástico e vidro para não descartá-los. Tive que usar a criatividade”, relatou.

Ele, inclusive, tentava convencer outras pessoas a mudar de hábito. Suas únicas exceções eram o lixo eletrônico, presentes recebidos, materiais de seu laboratório e hábitos extremamente pessoais de sua casa. Em cinco meses de experimento, ele percebeu que teria que se livrar de todo o lixo que produzia, inclusive papel higiênico. Ele passou a se limpar apenas com água.

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Karwat acredita que, se ele pode ter uma vida livre de lixo, qualquer um pode. “Nós não temos que voltar no tempo para atender os limites ambientais. Nós apenas temos que ser criativos. O que começou como uma experiência de um ano, durou dois anos e meio, e o resto do meu tempo em Ann Arbor”, contou. Porém, ele sabe que não pode julgar as pessoas que não escolhem o mesmo caminho. “Outros não têm a flexibilidade ou meios para esse tipo de ativismo, ou podem simplesmente ter preocupações mais imediatas. O consumo é tão conveniente que ele é realmente invisível e rotineiro”, disse.

Desde sua mudança para Washington, Karwat tem encontrado dificuldades para replicar seu estilo de vida livre de lixo. “Quando estou na cozinha de minha casa, em Washington, eu penso sobre o lixo que estou gerando agora, em uma cidade que não tem a mesma infraestrutura de Ann Arbor. Estou aqui há pouco mais de seis semanas, mas minhas quase duas sacolas de lixo já estão cheias. É hora de enviar estes materiais para um aterro sanitário e uma instalação de reprocessamento. Não estou criticando o consumismo, mas não posso dizer que não dói”, concluiu ele.

[ Oddity Central ] [ Foto: Reprodução / Oddity Central ]

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