Estima-se que cerca de 125 mil pessoas morram todos os anos em detrimento de picadas de cobras. Isso ocorre porque os antídotos – os chamados soros antiofídicos – normalmente só funcionam para as espécies mais comuns encontradas em determinadas regiões.
Por este motivo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acrescentou a picada de cobra à lista de doenças tropicais mais negligenciadas.
Por outro lado, um antídoto capaz de proteger contra todas as picadas de cobras mortais poderia estar no horizonte, devido a um avanço feito por cientistas britânicos.
De acordo com o Daily Mail, pesquisadores da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, na Inglaterra, estão próximos de desenvolver uma droga “milagrosa” que permitiria aos médicos tratar todas as vítimas, mesmo sem saber qual a espécie responsável pelo problema.
Basicamente, eles identificaram a cura a partir do veneno de uma víbora do gênero Echis, que inclui algumas das espécies mais perigosas do mundo e responsáveis pela maior parte das mortes de seres humanos.
Em experimentos feitos em laboratório com sangue e camundongos, os pesquisadores verificaram que o mesmo antídoto funcionou para uma quantidade de cobras potencialmente letal. “Este trabalho é extremamente excitante e esperamos que forneça uma base para analisarmos o soro antiofídico de uma nova maneira”, disse o Dr. Stuart Ainsworth, principal autor do estudo.
Em vez de olhar para o problema geograficamente, a equipe de Liverpool decidiu se concentrar nos sintomas causados por um grande número de venenos diferentes.
“Tradicionalmente, ao produzir um antídoto que poderia tratar picadas de diferentes cobras, o fizemos de um ponto de vista geográfico”, explicou. “No entanto, mostramos agora que pode ser mais proveitoso permitir aos clínicos uma oportunidade de tratar os sintomas que observam sem ter conhecimento das espécies exatas das cobras envolvidas”.
Tais cobras venenosas são classificadas em quatro categorias, de acordo com a forma com que atacam o sistema circulatório ou nervoso.
As categorias incluem a coagulação sanguínea anormal, hemorragia, neurotoxicidade (que danifica o sistema nervoso causando paralisia) e citotoxicidade (a mordida mata as células e destrói o tecido).
A equipe, cujas descobertas foram publicadas na revista Communications Biology, descobriu que alguns antídotos podem impedir a coagulação do sangue causada por mais de um tipo de cobra.
Agora, a esperança dos pesquisadores é avançar ainda mais neste ramo de pesquisa para descobrir se a mesma droga poderia ser feita para combater os diferentes efeitos causados por diferentes tipos de venenos.
“Cada área geográfica tem enorme diversidade nos tipos de cobras venenosas que causam diferentes patologias”, disse o autor sênior do estudo Nick Casewell.
O Dr. Casewell acrescentou ainda que a ciência pode “tornar os tratamentos de picada de cobra mais acessíveis para as vítimas de regiões menos favorecidas do mundo, que sofrem mais com o problema”.
Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Mirror UK