Violência doméstica: como funciona o cérebro de um agressor?

de Merelyn Cerqueira 0

A violência doméstica é um mal social que enfrentamos em todas as classes, culturas ou países, e as mulheres são as vítimas mais conhecidas.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde em 2014, uma em cada três mulheres no mundo foi vítima de violência doméstica.

O que comprova a existência de um problema global que requer a atenção da sociedade, instituições responsáveis e – porque não? – da Ciência.

Neste sentido, a ideia era conduzir pesquisas na tentativa de compreender o que leva um ser humano a atacar pessoas que vivem dentro de seu círculo social mais íntimo. Entre outras, verificar se o funcionamento cognitivo de agressores domésticos pode ser diferente das pessoas não violentas. E foi exatamente isso que pesquisadores da Universidade de Jaén, na Espanha, fizeram, de acordo com o portal Muy Interesante.

Nessa pesquisa, através de um teste de funcionamento executivo, o desempenho de um grupo de agressores domésticos foi comparado com agressores sexuais, violentos e não violentos, bem como um grupo de controle de pessoas consideradas normais. A tarefa avaliada é conhecida como Trail Making Test, e é realizada em duas partes.

Na primeira, o indivíduo deve desenhar uma linha contínua que una os números de 1 a 25, anteriormente apresentados desarrumados dentro de dois círculos.

Na segunda, círculos com números e letras são apresentados em uma atividade que exige conectar alternadamente cada número com sua letra correspondente em ordem alfabética.

O resultado mostrou que os agressores domésticos de fato têm um funcionamento executivo alterado. Tanto eles, quanto o grupo de criminosos sexuais precisaram de mais tempo para concluir a segunda parte do teste.

Por outro lado, o grupo de criminosos violentos apresentou mais erros nesta parte específica, sendo considerado mais falhos no controle da impulsividade.

A conclusão dos autores do estudo sugere que os agressores domésticos e sexuais parecem mostrar mais problemas com a flexibilidade mental e controle executivo, o que poderia explicar, em parte, as ações violentas.

A flexibilidade mental, por exemplo, permite que nos adaptemos às mudanças e imprevistos, ou para nos ajudar a formar visões diferentes para a resolução de um problema.

A pesquisa em questão foi publicada em 2015 pela revista Medicine, Science and Law.

Fonte: Muy Interesante Fotos: Reprodução / Muy Interesante

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