TOP 9 regras bizarras e nojentas de etiqueta, comportamento e beleza da Idade Média

de Merelyn Cerqueira 0

A Idade Média foi um período que marcou a Europa entre os séculos V e XV, precedendo a Idade Moderna. Por vezes lembrada como “Idade das Trevas”, ela foi marcada pela ascensão da Igreja e retrocesso da ciência – basta apenas você pesquisar como funcionava a medicina à época.

Agora, quando falamos nas coisas bizarras do período, o que não podemos deixar de fora é o manual de etiqueta medieval.

Por exemplo, você sabia que existiam regras que proibiam as pessoas de urinar na sala de jantar? Sabia que as pessoas precisavam ser lembradas de que eram proibidas de procurar pulgas durante as refeições? Estas e outras proibições estranhamente específicas você confere abaixo:

1 – Regras para cortejar uma mulher casada

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O primeiro “manual de cortejo” da Inglaterra é o Liber Urbani (Urbanus), que significa Livro do Homem Civilizado. Ele foi escrito por volta de 1190 por Daniel de Beccles, um homem que possivelmente fez parte da corte de Henry II. Sua obra com mais de 3.000 linhas de poemas é um trabalho épico, que detalha a maneira correta do homem agir em diferentes situações.

Enquanto Beccles dispensa alguns sábios conselhos da época, como o fato de que você nunca deve ofender um anfitrião trazendo seu próprio cavalo para montar, ou que nunca deve procurar por pulgas em seu corpo na sala de jantar ou na frente dos outros, ele aborda o sensível assunto dos cortejos a mulheres casadas.

Particularmente, o que ele oferece são conselhos de como agir se a mulher de seu amigo estiver prestando muita atenção em você.

Logo, para evitar insultar qualquer uma das partes, o autor recomenda que: “seu plano mais seguro é fingir doenças, doenças nervosas, [e] ir embora com sensibilidade e prudência”.

2 – Como se portar adequadamente em um jantar

Daniel de Beccles também tem muito a dizer sobre as colheres. Ele adverte que segurar uma colher por muito tempo sem usá-la é falta de educação.

Além disso, ressalta que você não deve colocá-la de volta a um prato comum depois de usá-la, nem compartilhar o talher com outra pessoa da mesa. Ele também observa que, uma vez que você usou a colher, ela não se torna sua propriedade e você deve deixá-la onde encontrou.

Agora, se durante o jantar você sentir necessidade de ir ao banheiro. Urinar no chão não é uma opção. Na verdade, este é um privilégio que apenas o dono da casa tem (Oi?). Os convidados, por outro lado, devem sair e se aliviar do lado de fora da casa. O mesmo é recomendado para os gases, arroto, vontade de cuspir e é claro, procurar por pulgas pelo corpo.  

3 – Casar-se com uma ex-prostituta faz bem para o carma

Christine de Pizan, filha do duque de Borgonha, em 1405, escreveu o Livre Ces Trois Vertus e, em que dedicou um capítulo inteiro a aconselhar as mulheres solteiras sobre a melhor forma de ganhar a vida.

Segundo ela, uma das opções era o casamento, e ela ressaltava que todos os solteiros solitários da cidade eram mais propensos a se casarem com mulheres que um dia trabalharam na prostituição. Isso ocorria porque, a partir do final do século 12, o Papa Inocêncio III, aconselhou os homens a tomarem ex-prostitutas como esposas, porque esta era uma forma de caridade, já que lhe daria uma vida mais “respeitável”. Logo, tal “ação de caridade” fazia bem para o carma.

4 – Quer conquistar um homem? Pare de sorrir

Segundo a escritora do século 14, Christine de Pizan, conhecida por quebrar uma série de estereótipos de gênero, curiosamente escreveu que era dever de uma mulher permanecer atraente para o marido, a fim de evitar que ele saísse à noite em busca de diversão nas tabernas locais.

Logo, segundo ela, uma maneira de permanecer atraente era não sorrir, pelo menos de uma maneira que fosse considerada alto demais. O raciocínio por trás deste estranho conselho sugeria que o riso alto perturbaria o equilíbrio do corpo feminino.  

5 – Rotina de beleza medieval: pintando os cabelos

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No final do século 16, John Baptista Porta escreveu uma série de livros sobre uma ampla gama de tópicos e ideias. Em seu Nono Livro da Magia Natural, ele focou suas descobertas no embelezamento feminino, dizendo ter um conhecimento profundo no que era crucial para as mulheres se manterem bonitas e não ofender seus maridos com o envelhecimento.

Assim, ele ofereceu uma lista de instruções sobre como poderiam colorir seus cabelos para se livrar dos fios brancos e manter a cor brilhante. Para colorir o cabelo loiro era necessária apenas uma mistura de coisas como açafrão, cominho, palha de centeio e lixívia.

Os cabelos pretos, por outro lado, eram mais trabalhosos. Eles tinham que ser deixados para apodrecer no sol por 60 dias, e depois, deveria ser lavados com uma mistura de água e sanguessugas.

6 – Capturando e domesticando animais selvagens

Sempre sonhou em ter um lobo ou javali em casa? John Baptista Porta também sabe dizer como fazê-lo. Em seu Décimo Quinto Livro de Magia Natural, ele revela como capturar animais na natureza e domesticá-los para que possam viver dentro de casa.

Os lobos, por exemplo, aparentemente pode ser encantados por uma flauta, tornando-se dóceis e submissos. Agora, se a sua vontade é possuir um veado ou javali, o autor sugere que seja jogado um cachimbo ao animal, próximo o suficiente para que você possa agarrá-lo.

Outro conselho interessante do autor, agora para caçar elefantes, é que o interessado cave um buraco grande o suficiente para suportar quatro fêmeas da espécie. A ação atrairá o macho, que efetivamente cairá dentro do poço.

7 – Aprendendo a lidar com os serviçais

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De acordo com o texto do inglês Como a Boa Esposa Ensinou a Filha, uma das coisas mais importantes a ser ensinada aos servos é que os homens da casa devem ser permanentemente mantidos no escuro sobre o que está acontecendo na residência. Coisas como brigas e discussões entre criados e louça quebrada, devem ser mantidas fora do conhecimento do marido. Logo, é função da esposa evitar que isso chegue aos ouvidos dele.

Segundo esta ideia, a chave para uma vida familiar feliz e um bom relacionamento, é nutrir a relação entre mestre e servos. Uma boa esposa deve ser sempre gentil com seus ajudantes e incluí-los em suas orações diárias, mas sempre mantendo em segredo todas as suas deficiências, falhas e dificuldades.

8 – Cegos não podem amar

No final do século 12, Andreas Capellanus escreveu um tratado sobre o amor de cortejo – o tipo de amor que geralmente associamos a belos cavaleiros vestidos em suas armaduras. O seu livro apresenta uma definição para o amor e o que faz uma pessoa ser capaz de amar.

Segundo ele, para ser capaz de amar as pessoas não podem ser cegas, isso porque a capacidade de ver é necessária para que o amor aconteça. “É o ato de ver que leva uma pessoa a habitar sobre a existência do outra”.

9 – Regras para enviar mensagens confidenciais

Em seu “Décimo Sexto Livro de Magia Natural”, John Baptista Porta ensina aos seus leitores várias maneiras de enviar mensagens secretas e a escrever em letras invisíveis. No entanto, a maioria de suas sugestões envolvem ovos. Por exemplo, a pessoa deve ferver um ovo e, em seguida, envolvê-lo em cera.

A ideia então é escrever a mensagem na cera, tendo cuidado para não quebrar a casca. Então, coloque o ovo em uma porção de vinagre e o deixe. Uma vez que a casca do ovo é porosa, o vinagre penetrará até a clara de ovo.

Depois, basta remover a cera, aquecer o ovo no sol e a mensagem poderá ser lida quando a casca for tirada pelo destinatário. Uma alternativa a ideia, segundo o autor, é colocar uma carta dentro do ovo. No entanto, esta parece ser ainda mais difícil.

Fonte: Urban Ghosts Fotos: Reprodução / Urban Ghosts

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