Ainda que tenhamos acompanhado alguns retrocessos – de base política, ideológica e social – nestes últimos 12 meses, podemos considerar que 2016 foi um ano especialmente bizarro. E o mundo científico não ficou atrás – embora o “bizarro” aqui deva ser considerado algo positivo.

Desde o início do ano acompanhamos manchetes sobre o descobrimento de exoplanetas, em especial um que parece ser uma segunda Terra relativamente próxima de nós; a pioneira e notável descoberta das ondas gravitacionais, um vírus mortal que aterrorizou os países da América e até mesmo o aprimoramento de uma revolucionária ferramenta de edição genética. O fato é que 2016 foi um ano produtivo para a Ciência e, na lista abaixo, publicada orginalmente pela Gizmodo, você confere as 7 descobertas mais notáveis.

1 – Ondas gravitacionais

Físicos do observatório LIGO (Laser Interferometer Gravitational Wave Observatory) conseguiram confirmar, não uma, mas duas vezes, a existência de algo fundamental para a natureza de nossa realidade, as chamadas ondas gravitacionais Uma vez que estamos todos intuitivamente familiarizados com o conceito de espaço-tempo, descobrimos que ele não é uma caixa rígida. Muito pelo contrário. Ele é um oceano ondulante, feito com ondas subatômicas geradas por meio da colisão de buracos negros, estrelas de nêutrons ou outros objetos incrivelmente maciços.

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As chamadas “ondas gravitacionais” foram ouvidas pela primeira vez em setembro do ano passado, por meio de detectores do LIGO. No entanto, a descoberta só foi anunciada em fevereiro deste ano, após ter sido confirmada. Em junho, os pesquisadores conseguiram detectar novamente as ondas e, no momento, estão em busca de um terceiro evento. Obviamente que créditos da descoberta também devem ser dados a Albert Einstein, uma vez que ele sugeriu a existência delas primeiro, quando escreveu sua Teoria da Relatividade Geral em 1916.

2 – Proxima B

Ao longo dos últimos anos, astrônomos descobriram milhares de exoplanetas escondidos no espaço, incluindo uma série de gigantes rochosos do tamanho da Terra. No entanto, embora todos eles tenham sido considerados potencialmente habitáveis, nenhum outro chamou mais atenção do que Proxima b – um gigante rochoso do tamanho da Terra, encontrado orbitando nossa estrela vizinha mais próxima, Proxima Centauri, a apenas 4,3 anos-luz de distância.

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O planeta foi detectado indiretamente através de um método de velocidade radial. Como Proxima Centauri é uma estrela anã-vermelha, Proxima b gira em um ponto onde os oceanos podem ser líquidos e a temperatura amena, o que faz do lugar potencialmente habitável. No entanto, teremos de esperar um pouco mais para compreendermos melhor essa notável descoberta, uma vez que o telescópio espacial James Webb, que explorará a atmosfera do local, só será lançado em 2018.

3 – Zika e microcefalia

Identificado pela primeira vez em 1974, na Uganda, o pico da transmissão em nível internacional ocorreu no ano passado, quando o vírus começou a se espalhar rapidamente pela América Latina. Enquanto que a maioria dos adultos infectados apresentou pouco ou nenhum sintoma, as maiores vítimas foram os recém-nascidos, que experimentaram taxas crescentes de microcefalia. Essa descoberta levou ao desenvolvimento de uma série de pesquisas sobre possíveis conexões.

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Dito isto, em janeiro deste ano, o Zika foi encontrado em placentas de duas mães que deram à luz crianças com microcefalia. Em experimentos realizados em laboratório, publicados em março deste ano, cientistas mostram que o vírus atacava diretamente as células necessárias para o desenvolvimento cerebral, retardando seu crescimento. Por fim, em abril, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, confirmou o que muitos pesquisadores já suspeitavam: que o vírus realmente está relacionado com a microcefalia, bem como uma série de outros defeitos cerebrais graves.

4 – CRISPR: manipulação genética em seres humanos

O CRISPR, uma revolucionária ferramenta de edição genética que promete curar doenças e resolver calamidades ambientais, deu um grande passo este ano, quando uma equipe de cientistas a utilizou para tratar um paciente que sofria de uma forma agressiva de câncer de pulmão.

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Para tratá-lo, os cientistas removeram as células imunológicas do sangue, utilizaram o programa para “desligar” um gene que fazia com que as células do câncer pudessem se reproduzir e reintroduziram-nas, agora modificadas, de volta ao corpo do paciente. Embora os resultados do estudo não tenham sido completamente divulgados, acredita-se que as células editadas de fato ajudaram o paciente a vencer a doença. No entanto, independentemente do resultado deste caso específico, o fato é que o uso do CRISPR para modificar doenças em seres humanos é um grande passo para o desenvolvimento de uma medicina personalizada e mais eficaz.

5 – Planeta 9

Por mais de uma década, astrônomos questionaram a existência de um nono planeta escondido nos confins de nosso Sistema Solar. Este ano, pesquisadores da Caltech, na Califórnia, EUA, apresentaram evidências convincentes de que o Planeta 9 é uma realidade.

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Maior do que Netuno e mais frio do que qualquer outro, ele parece estar orbitando o Sol em uma rota completamente elíptica, a uma distância de mais de 100 ou mais de 1.000 unidades astronômicas. Este palpite foi baseado de acordo com as órbitas de um punhado de objetos localizados dentro do Cinturão de Kuiper, que aparentemente são influenciados pela gravidade do gigante, elusivo e misterioso planeta.

6 – Transformando emissões de CO2 em pedra

Ao passo em que as emissões de dióxido carbono aumentam cada vez mais, especialmente pela queima de combustíveis fósseis, assistimos de perto os efeitos no aumento da temperatura do Planeta. Em meio a essa preocupação, cientistas há muito desenvolveram um método, conhecido como “captura e armazenamento de carbono”, para tentar reduzir os efeitos. No entanto, uma ideia promissora foi sugerida por pesquisadores da Universidade de Southhampton, quando dissolveram o carbono capturado na atmosfera em água, selaram-no em um poço subterrâneo na Islândia. Preso ali por cerca de dois anos, o carbono reagiu com os minerais basálticos, virando uma forma sólida, onde permanecerá por milênios.

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Embora promissora, a ideia dos cientistas de transformar CO2 em pedra vem com advertências importantes. Primeiro, o método é específico do local, o que significa que só funcionará em regiões com geologia e geoquímica semelhantes ao poço em questão. Depois, a criação de um laboratório que possa capturar as bilhões de toneladas de carbono que emitimos todos os anos pode ser um enorme desafio. Logo, seria mais sensato evitar a emissão desse carbono em primeiro lugar.

7 – O vertebrado mais antigo da Terra

O segredo da longevidade pode não vir de um laboratório, mas sim de uma espécie de tubarão que vive na Groelândia, capaz de viver até os 400 anos, de acordo com um estudo publicado este ano pela revista ScienceA partir de uma análise por meio de datação de radiocarbono realizada em 28 fêmeas, pesquisadores mostraram que estes animais, sem dúvida, são os vertebrados de maior longevidade do Planeta, como o mais velho identificado com 272-512 anos.

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O segredo para essa característica, de acordo com os cientistas, provavelmente vem de um metabolismo extremamente discreto, o que resulta em crescimento lento e maturação reprodutiva tardia.

[ GizModo ] [ Fotos: Reprodução / GizModo / Flickr

Jornal Ciência