TOP 6 sinais de que estamos vivendo uma nova Era geológica na Terra

de Merelyn Cerqueira 0

Descrito por alguns cientistas como Antropoceno, o período geológico atual que vivemos engloba a relação do homem e a máquina. A grande contradição, no entanto, é se ele de fato existe, e se realmente estamos vivendo nele agora. Logo, a Comissão Internacional sobre Estratigrafia (ISU), em breve, se reunirá para tentar responder essas questões de peso, conforme relatado pelo Gizmodo.

Entretanto, decidir se estamos de fato entrando em um novo capítulo da história geológica não vai ser fácil. Normalmente, os cientistas utilizam deslocamento de camadas rochosas, fósseis e evidências geoquímicas para definir novos pontos de escalas geológicas. Porém, as impressões digitais da atual sociedade industrializada ainda não foi enterrada sob estratos sedimentares, porque ainda estamos vivos. Assim, para descobrir se a humanidade realmente está se tornando uma força geológica da natureza, primeiro é preciso ter certeza de que nossos rastros durarão aqui na Terra por um longo período de tempo. Abaixo, confira seis elementos de provas que os cientistas estão considerando.

1 – Tecnofósseis

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução / EarthFix via Flickr

Se há uma coisa que nós seres humanos modernos sabemos produzir em grande escala, é lixo. Desde CD-ROMs até mesmo copos de isopor, estamos enchendo rapidamente nossos aterros, oceanos e até mesmo prejudicando sistemas de energia solar. Esses materiais, que não se decompõem, são chamados pelos cientistas de ‘tecnofósseis’, e estão susceptíveis de permanecer na Terra por longas centenas de milhões de anos.

Apesar de sensores já detectarem grandes ilhas de lixo pelos oceanos, segundo um artigo recente publicado na revista Anthropocene, é com as formas de aterro, feitos com esses tecnofósseis, que devemos nos preocupar. “Em escalas de tempo geológicas, os plásticos em aterros sanitários podem funcionar como verdadeiras ‘bombas-relógio’, já que esses terrenos, localizados em áreas tectonicamente baixas, estão cedendo”. Essas áreas em breve serão enterradas por estratos, sendo fossilizadas com lixo paleontológico e conforme ocorre a erosão, esses atritos serão liberados.

Dessa forma, em um futuro distante, “quando nossos sucessores escavarem, eles poderão assumir que sacos de plástico, copos e CDs foram a forma de vida dominante no planeta, no passado”.

2 – Fósseis atuais

Foto
Foto: Reprodução / James Cridland / Flickr

Colocando o legado plástico de lado, nossa era será marcada por mudanças dramáticas nos registros fósseis naturais. Para começar, a população humana cresceu exponencialmente desde o início da Revolução Industrial. Desde a virada do século 19, aumentamos para mais de sete bilhões e outras quatro bilhões de pessoas poderiam ser adicionadas a esse número até o final deste século.

No entanto, não é só nossa espécie que cresce. Com ela, os cães, gatos, vacas, porcos, ovelhas, e etc. Logo, nossos registros fósseis serão ultrapassados por um punhado de mamíferos de quatro patas.

Para contrariar nossa ascenção meteórica, outras espécies estão desaparecendo quase que na mesma velocidade. Segundo verificações científicas, estamos vivendo os estágios iniciais de uma extinção em massa. Enquanto isso acontece, outros organismos estão sendo modificados, os chamados híbridos, em razão das alterações climáticas.

3 – Poluição por dióxido de carbono

Não é nenhum segredo que a queima de combustíveis fósseis libera na atmosfera cerca de 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Esse elemento é responsável pelo aquecimento do nosso planeta, mas também está remodelando a fórmula química de nossa atmosfera, de forma que vai deixar uma marca devastadora – especialmente quando ele se junta com óxido nitroso, dióxido de enxofre, clorofluorocarbonos e outros poluentes industriais que bombeamos diariamente para o céu.

Dadas as recentes camadas de gelos formadas nos polos sul e norte, geradas a partir de pequenas amostras da nossa moderna atmosfera, os geoquímicos do futuro experimentarão um pouco da nossa poluição passada. Isto é, a menos que a grande queima de combustíveis fósseis não causem o derretimento das evidências.

4 – Fertilizante nitrogenado

Nos últimos 10 mil anos, a agricultura tem reformulado nosso planeta, especialmente em meados do século 20, quando os avanços tecnológicos ficaram evidentes. Um desses processos, chamado “Haber-Bosh”, transformou radicalmente a maneira como nos alimentamos e o nosso planeta. Desenvolvido pelos químicos alemães Fritz Haber e Carl Bosch, o método utilizada altas pressões e calor para converter o nitrogênio atmosférico (o inerte gás N2) em fertilizante de amônia, um processo que só é possível com a ajuda de bactérias ‘fixadoras de nitrogênio’. Logo, esses fertilizantes de ação rápida e barata, poderia liberar os agricultores de alguns trabalhos no campo, fazendo com que o rendimento da safra crescesse.

A consequência mais óbvia disso, além do crescimento da população, é que o impacto no nitrogênio extra na nossa biosfera foi ofuscado. O aumento desse tipo de fertilização, dobrou a quantidade do ciclo de nitrogênio ativo na atmosfera. Conforme esses produtos químicos se infiltram em lagos, rios e águas costeiras, por exemplo, mais sufocam outras formas de vida, como as algas marinhas. E essa superexposição desse elemento, vai deixar uma marma indelével no geoquímica e ecologia da Terra.

5 – Perfurações de poços

perfuracao-de-pocos
Foto: Reprodução / Wikipédia

Uma das maneiras mais estranhas de os seres humanos redefinirem o planeta não tem nada a ver com o moderno período Antropoceno, mas sim com épocas geológicas mais antigas. Estamos cavando, perfurando, minerando e explodindo nosso caminho em direção à crosta da Terra, através de milhares de metros de sedimentos acumulados ao lingo de milhões de anos. Nenhuma outra espécie ou processo natural já fez algo assim.

Essa chamada “bioturbação” do solo (anthoroturbation) pode ser permanente e agir como uma verdadeira cicatriz geológica deixada pela nossa espécie. De acordo com o presidente da ISU, Jan Zalasiewicz, “a única maneira dessas marcas sumirem, ou seja, vir à superfície, é sendo corroídas, se envolverem em uma colisão continental, ou alguma outra atividade tectônica. Qualquer cenário desses poderá levar dezenas de milhões de centenas de anos para acontecer”.

6 – Armas nucleares

Para os acadêmicos, um ponto chave da discussão não é sobre a existência do período Antropoceno, mas sim quando ele começou. Alguns defendem um surgimento relativamente precoce – quando os europeus migraram para o Novo Mundo e começaram a matar todo mundo, revertendo florestas em enormes faixas de terra e liberando cada vez mais CO2 na atmosfera. Outros dizem que esse momento começou exatamente em 1964, quando os testes com armas nucleares eram tão grandes que causou um pequeno, porém dramático, aumento na quantidade de carvão radioativo (carbono-14) na nossa atmosfera.

Apesar de todas as evidencias apontarem para uma nova era geológica, ainda há um debate cientifico significativo sobre seu surgimento, mudanças que ainda estão por vir e se estamos muito cegos e impressionados com a nossa própria participação em um experimento planetário, para nos preocuparmos com contextos a longo prazo. 

O fato é que, o que fizemos no século 21 nunca foi experimentado pelo planeta antes. Então, isso por si só, já destaca um curto período geologicamente notável. 

[ Gizmodo ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

Jornal Ciência