TOP 5 razões para não acreditar no inferno, de acordo com a própria Bíblia

de Merelyn Cerqueira 0

São muitas as pessoas que acreditam na existência de um lugar de tormento eterno para onde serão enviados os pecadores após a morte. Comumente referido como “Inferno, esse lugar faz parte da percepção básica da religião na cultura popular.

No entanto, alguns dizem que as evidências que comprovam a existência de tal castigo eterno são praticamente inexistentes.

Abaixo, conforme publicado pela ListVerse, você confere alguns fatos que desacreditam a existência de um Inferno.

1 – Há poucas menções do Inferno na Bíblia

Se você perguntar a um cristão o que é o inferno, ele facilmente lhe dirá se tratar de um lugar de tormento eterno para os pecadores e malfeitores. Mas, será que essa ideia tem algum embasamento bíblico?

Segundo o livro de Romanos 6:7, o que está morto será libertado do pecado”. Sendo assim, se os pecados de uma pessoa são limpos com a morte, então, o que será o inferno? Ainda em Romanos 6:23 é dito que “o salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Note que não há menção de que os pecadores estão condenados a tortura eterna. Eles simplesmente não terão uma recompensa por viver uma vida justa.

Em 2º Tessalonicenses 1:9, é dito que o castigo para aqueles considerados perversos não é a tortura ardente, mas a destruição, “destrancado da presença do Senhor e da glória da sua força”. Já em João 3:36 é declarado que os pecadores “não verão a vida [eterna]”). Enquanto em Judas 1:7, de fato há uma menção sobre um “fogo eterno”, mas apenas no contexto de Sodoma e Gomorra, que são literalmente destruídos pelo fogo eterno da ira de Deus”.

Isso deixa apenas as breves menções no Livro do Apocalipse e duas parábolas de Cristo como embasamento bíblico para a ideia de inferno na cultura popular.

Logo, se um lugar de tormento eterno fosse verdadeiramente pretendido como um componente integral do cristianismo, é apenas estranho que a Bíblia não pareça ter prestado muita atenção nele.

2 – Uma ideia de “castigo infinito” não faz sentido

De uma perspectiva cristã, a ideia de inferno é cruel, incomum e totalmente excessiva. Isso porque o Deus descrito na Bíblia é dito como: “um Deus da verdade e sem iniquidade, justo e certo”. Em 1º João 4: 8 é afirmado que Deus é o próprio conceito de amor. Logo, porque um pai amoroso torturaria eternamente seu filho como castigo, mesmo que o filho fizesse algo seriamente errado?

Já em Deuteronômio 19:21 é fornecido o conceito de “olho por olho”, um princípio de igualdade de castigo que parece estar longe da ideia de um tormento eterno como punição por um erro em uma vida mortal tão curta.

Na verdade, a ideia de um inferno ardente parece cair ainda mais depois de considerar as palavras de Deus em Jeremias 7:31: “Eles construíram os lugares altos de Topheth no vale de Ben Hinnom para queimar seus filhos e filhas no fogo – algo que eu não mandei, nem entrou minha mente”.

Sendo assim, se a ideia de que os seres humanos sejam queimados no fogo é tão cruel para Deus, qual o ponto de lógica da existência de um inferno?

3 – Até mesmo a Igreja não parece estar em acordo

Uma vez que muitos consideram os intelectuais da igreja primitiva como autoridades em questões de fé e doutrina, é de surpreender que até mesmo eles não possam concordar com a existência de um Inferno. Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cipriano estavam entre aqueles que acreditavam que o Inferno era um lugar literal.

Já Orígenes e Gregório de Nissa discordaram, afirmando que o inferno era simplesmente a separação de Deus. Embora a ideia de condenação eterna possa ser encontrada em Apocalipse de Pedro, desde o século passado, ela não parece ter se tornado dominante no pensamento cristão até o século V d.C.

Essa visão foi fortemente inspirada por Platão, filósofo, matemático e não-cristão. Segundo o historiador francês Georges Minois, “a maior influência nas visões tradicionais do inferno” foi a de Platão.

Os castigos específicos para os pecadores descritos por Platão não têm suporte bíblico, embora as ideias do filósofo ainda possam ser detectadas em muitas versões populares da vida após a morte segundo o cristianismo – mais notavelmente em O Inferno de Dante.

Nos tempos modernos, muitas denominações cristãs se afastaram da ideia do Inferno como um lugar físico que existe sob a Terra. Até mesmo a Igreja Católica aparentemente decidiu seguir a mesma linha de pensamento. No Catecismo da Igreja Católica aprovado pelo Papa João Paulo II em 1992, é declarando que o Inferno é simplesmente uma “autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e as benções”.

4 – O conceito de inferno é alheio ao Antigo Testamento

Em comparação ao pouco observado no Novo Testamento, o Antigo não tem qualquer conceito de Inferno. Em vez disso, escrituras como Jó 3:11-18 sugerem que a morte é simplesmente uma cessação: “Por que não morri eu desde a madre? E em saindo do ventre, não expirei?” […] Porque já agora jazeria e repousaria; dormiria, e então haveria repouso para mim […] Ali os maus cessam de perturbar; e ali repousam os cansados. Ali os presos juntamente repousam, e não ouvem a voz do exato”.

Já em Eclesiastes 3:19, a ideia de vida após a morte é ainda mais cética: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.

Até mesmo no início da Bíblia, em Gênesis 2: 16-17 e 3:19, o castigo de Adão e Eva por quebrar as instruções de Deus e comer o fruto proibido não era a ameaça do fogo do inferno, mas sim uma promessa de que eles morrerão: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”[…] “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”.

Agora, se Adão e Eva estavam em risco de serem atormentados pelo fogo do inferno para o resto de suas vidas, eles provavelmente teriam sido avisados sobre isso, certo?

Ainda, quando Caim matou Abel, Deus o condenou a vagar pela Terra e até lhe deu uma marca para impedir que as pessoas o matassem. Sendo assim, se um julgamento final o aguardava em sua vida após a morte, essa ideia não seria um pouco contraproducente?

5 – O inferno é pouco mais do que uma tática para assustar

Enquanto religiões como as Testemunhas de Jeová e adventistas do sétimo dia não doutrinam sobre o inferno, muitas igrejas e denominações ainda se apegam à ideia.

Ao longo da história, a ideia da existência de um Inferno tem sido usada como tática de medo para manter as pessoas na linha.

Um pregador do século XVIII, chamado Jonathan Edwards, tornou-se famoso por seu sermão de fogo e azar “Sinners In The Hands Of An Angry God” (“Pecadores nas mãos de um Deus irado”, em tradução livre), que advertia aos crentes que Deus poderia “lançar homens perversos no inferno a qualquer momento”. Sua representação de inferno era tão aterrorizante que outros clérigos tiveram de se apressar para ajudar membros perturbados.

Outros, como a rainha Maria I da Inglaterra, usaram a doutrina como uma desculpa para perpetuar a barbárie. Antes de julgar um grupo de protestantes que seriam queimados vivo, ela supostamente declarou: “Como as almas dos hereges serão eternamente queimados no inferno, não pode haver mais nada além de imitar a vingança divina queimando-os na terra”.

Como tática de susto, a ideia de inferno pode exercer um poderoso controle sobre os que acreditam. No entanto, evidência bíblica para tal é bastante escassa.

De fato, a parábola do homem rico e Lázaro, muitas vezes citada como prova bíblica do inferno, na verdade tem uma mensagem oposta. No final da parábola, Abraão decide enviar Lázaro de volta à Terra para alertar os pecadores de um destino aterrorizante que os espera na vida após a morte. Ele argumenta que a justiça só pode vir da crença, e não do medo de algum castigo sobrenatural.

Fonte: ListVerse Fotos: Reprodução / ListVerse / Foto de capa: SEJ

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