Terra entra em uma “nova era” após gás carbônico atingir limite histórico

de Julia Moretto 0

Segundo cientistas, o dióxido de carbono na atmosfera atingiu um patamar significativo.

Em 2015, pela primeira vez, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera no ano eram em média 400 partes por milhão (ppm), segundo o relatório da Organização Meteorológica Mundial. O relatório ainda diz que o aumento ocorreu entre 2014 e 2015 e foi impulsionado pelo fenômeno El Niño

A estação mais antiga de monitoramento de gás de efeito estufa, em Mauna Loa, no Havaí, diz que a concentração de dióxido de carbono vai ficar acima da 400 ppm, em 2016, e deve atingir novas máximas. Segundo os especialistas, níveis abaixo de 400 ppm só serão registrados novamente depois de muitas gerações. Este valor é considerado um ponto de inflexão para o dióxido de carbono atmosférico. 

O crescimento nos níveis de dióxido de carbono, que viu um aumento maior do que a média no gás de efeito estufa na atmosfera entre 2014 e 2015, foi impulsionado pelo El Niño, no Pacífico.

O fenômeno climático, que começou em 2015, continuou até este ano, provocando secas em regiões tropicais e reduzindo a capacidade das florestas, e oceanos de absorverem dióxido de carbono, deixando a substância na atmosfera.

O El Niño é causado por uma alteração na distribuição de água quente no Oceano Pacífico em torno do Equador. “O El Niño ocrrido entre 2015/2016 foi um dos oito mais forte desde 1950 e foi associado aos 16 meses consecutivos de temperaturas globais recordes”, diz o relatório. Durante o El Niño, os ventos fracos e lentos deixam a água do Pacífico oriental mais quente.

Mas a longo prazo, o aumento de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso proveniente da atividade humana, incluindo indústria e agricultura, causou um aumento de 37 por cento no efeito de aquecimento do Planeta entre 1990 e 2015. Cerca de dois terços do efeito de aquecimento, conhecido como forçamento radiativo, vindos através de gases de efeito estufa de vida longa são do dióxido de carbono. Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera eram de cerca de 278 ppm antes da Revolução Industrial, uma concentração que segundo a OMM, representava um equilíbrio natural na Terra.

As atividades humanas seguiram alterando o equilíbrio natural e em 2015 os níveis médios globais de dióxido de carbono foram de 44 por cento acima dos níveis pré-industriais. “O ano de 2015 marcou o início de uma nova era de otimismo e ação climática com o acordo sobre alterações climáticas em Paris”, disse a OMM secretário-geral, Petteri Taalas. “Mas também vai fazer história ao marcar uma nova era da realidade das alterações climáticas, com concentrações recordes de gases de efeito estufa”, completou.

Sem o combate às emissões de dióxido de carbono, não podemos diminuir as alterações climáticas e manter o aumento da temperatura abaixo de 2° C além da época pré-industrial”, explicou Petteri. “Por isso, é importante que o Acordo de Paris entre em vigor bem antes do previsto”, acrescentou.

O acordo de Paris compromete os países a manterem a temperatura abaixo de 2° C e de prosseguirem os esforços, tentando chegar a 1,5° C, cortando as emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com a Central do Clima, os dados do Observatório Mauna Loa mostram as recentes médias diárias e semanais, que têm pairado acima de 400 ppm durante o mês de setembro. “O ponto mais baixo reflete a transição entre o verão e o outono, quando a absorção de CO2 pela vegetação enfraquece e é ultrapassada pela libertação de CO2 do solo”, explica Ralph Keeling, chefe do Instituto Scripps.

Um estudo publicado em setembro também revelou que as alterações climáticas já estão afetando a humanidade há dezesseis anos, levando à morte de centenas de pessoas em toda a Europa. Segundo um novo estudo, os cientistas disseram que as ondas de calor em 2003 mataram 506 pessoas em Paris e 315 em Londres.

Um quinto dessas mortes pode ser atribuído à poluição feita pelo homem. O estudo, que foi conduzido por cientistas da Universidade de Oxford, mostrou que as mortes, assim como o verão mais quente já registrado na Europa, foram causados ​​por mudanças climáticas.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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