Seu cão é provavelmente menos inteligente do que um lobo, segundo estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Os lobos possuem uma compreensão de causa e efeito que cães domésticos não têm, e são tão bons quanto o melhor amigo do homem quando o assunto é obedecer a instruções, de acordo com pesquisadores do Wolf Science Center, da Universidade de Medicina Veterinária de Viena, na Áustria.

Tal diferença de cognição pode estar relacionada ao processo de domesticação. As informações são da Science Alert.

Em um estudo publicado na revista Scientific Reports, os pesquisadores verificaram que existem várias maneiras de avaliar a inteligência animal, sendo que os mais comuns são testes de compreensão de causa e efeito.

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Os gatos, por exemplo, podem até entender esse conceito, mas aparentemente somente em determinadas circunstâncias. Já os cães podem ser treinados por seres humanos que alguns de seus comportamentos se converterão em resultados positivos. No entanto, aparentemente, eles não são tão bons em descobrir isso por conta própria.

Para o experimento, de ver o quão bem os cães e os lobos podiam raciocinar, os pesquisadores testaram 14 cães vivendo em uma matilha e 12 lobos socializados por humanos. Eles também realizaram o teste em mais 12 cães que viviam como animais de estimação.

“Nosso estudo é único porque não só compara cães e lobos vivendo em condições idênticas, com uma mesma história e regime de treinamento, mas também cães vivendo como animais de estimação com suas famílias humanas”, disse a psicóloga animal Juliane Bräuer, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, na Alemanha.

Basicamente, o estudo foi capaz de determinar se as diferentes condições de vida destes animais desempenhavam um papel na compreensão causal.

O experimento envolveu dois recipientes. O primeiro com uma recompensa alimentar dentro, e o outro vazio. Então, foi mostrado aos animais três conjuntos de pistas para determinar qual recipiente tinha o alimento.

O primeiro foi um sinal de comunicação, no qual um humano fazia um contato visual direto com o animal enquanto apontava para o recipiente correto. Já o segundo tratou um sinal comportamental, no qual o humano apontava ou cheirava o recipiente correto, mas não fez contato visual com o animal.

O terceiro foi um sinal causal, em que o humano estava ausente e o recipiente correto fazia um ruído quando movido.

Os pesquisadores verificaram que quando os lobos e os dois conjuntos de cães recebiam sinais de comunicação eles conseguiram escolher corretamente o recipiente de comida. No entanto, com as pistas comportamentais, todos os animais falharam no teste.

Já no último teste, o de sinais causais, houve uma clara diferença entre as espécies. Enquanto os lobos foram capazes de achar a comida, os cães (de ambos os grupos) tiveram dificuldades.

“Os resultados do nosso estudo sugerem que a domesticação afetou a compreensão causal dos cães”, disse a bióloga Michelle Lampe, da Universidade Radboud, na Holanda. No entanto, ela acrescentou que isso não necessariamente significa que os lobos são inerentemente mais inteligentes do que os cães.

“As diferenças podem ser explicadas pelo fato de que os lobos são mais persistentes para explorar objetos do que cães”, explicou. “Os cães estão condicionados a receber comida de nós, enquanto os lobos precisam encontrá-la na natureza”.

Mais interessante do que isso foi que os lobos se mostraram tão bons quanto os cachorros na compreensão dos sinais de comunicação, o que pode fornecer uma visão de como a domesticação surgiu em primeiro lugar.

“A habilidade dos lobos de entender sinais comunicativos depois de serem socializados com seres humanos pode ter tornado a domesticação possível”, concluiu Bräuer.       

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Science Alert

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