Ser uma pessoa noturna pode estar escrito em seus genes

de Gustavo Teixera 0

Se você vai para a cama tarde e tem dificuldade para se levantar de manhã, pode não ser culpa sua, e sim de seu DNA.

Um novo estudo com 70 pessoas encontrou uma ligação entre a síndrome do atraso da fase de sono (DSPD) e um gene chamado CRY1.

Acredita-se que uma mutação no gene altere o relógio circadiano humano, que diz ao nosso corpo quando acordar e adormecer. Para as pessoas com essa condição, o relógio interno é retardado em comparação com o ritmo do dia e noite, e elas acabam tendo problemas para adormecer e acordar.

A pesquisa analisou seis famílias de indivíduos turcos sendo 39 portadores do gene CRY1 e 31 sem esse gene. As pessoas com o gene modificado sentiam sonolência mais tarde do que as pessoas sem a mutação.

O relógio circadiano é regulado por um ciclo proteico. Ele começa quando as células produzem proteínas conhecidas como ativadoras de chamada, que aumentam as atividades da célula. Estas proteínas produzem inibidores que, ao longo do dia, reduzem a eficácia dos ativadores até que todos sejam interrompidos.

Nesse ponto, os inibidores não são mais produzidos, e os que estão lá começam a se degradar. Quando eles acabam, os ativadores aumentam mais uma vez, e o relógio começa de novo. O CRY1 tem as instruções para produzir uma das proteínas inibidoras.

A mutação altera uma única letra na instrução genética, resultando em inibidores que são ativos por mais tempo do que os de pessoas sem o DSPD.

O artigo sugere que os inibidores mais ativos prolonguem este ciclo proteico por mais 30 minutos. “Os portadores desta mutação têm dias mais longos do que o mundo lhes dá”, disse a primeira autora, Alina Patke, da Universidade Rockefeller, em um comunicado.

“É como se essas pessoas tivessem jet lag perpétuo, movendo-se para o leste todos os dias”, acrescentou professor Michael Young.

De acordo com os pesquisadores, DSPD pode ser gerenciada. Uma das 39 possuidoras da variação CRY1 afirmou que mantém ciclos de sono regulares para combatê-la.

“Um ciclo externo e uma boa higiene do sono podem ajudar a forçar um relógio lento a acomodar um dia de 24 horas”, finalizou Patke.

Fonte: IFL Science / American Sleep Association / Cell  Foto: Reprodução / Flickr

Jornal Ciência