Ser humano é capaz de utilizar ecolocalização, como golfinho

de Gustavo Teixera 0

Golfinhos e morcegos são animais que não precisam enxergar bem para se localizarem. Eles se localizam através da ecolocalização, que consiste em fazer barulho e esperar as ondas sonoras baterem nos obstáculos ao redor e voltarem.Quando os ecos são mais rápidos, significa que existe um obstáculo próximo. Essa técnica é um sonar biológico com um transmissor e dois receptores, ou seja, uma boca e dois ouvidos.

 

Mas, essa é uma técnica que não é exclusiva desses animais. Segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade Ludwig-Maximilians, em Munique na Alemanha, os humanos ficaram muito bons nessa técnica. Todos sabem que a audição de pessoas cegas é muito melhor do que pessoas sem problemas de visão. Isso acontece para compensar a perda da percepção visual. A pesquisa sugere que é possível desenvolver uma audição mais aguçada mesmo sem passar por problemas de perda de visão.

 

Os cientistas treinaram os voluntários do teste, um cego e 11 pessoas sem problemas de visão.Eles foram levados a uma câmera anecóica, que não produz nenhum tipo de eco. Dentro dessa câmera os pesquisadores colocaram sons de línguas estalando. Os áudios correspondem ao barulho que era feito dentro de salas de diferentes tamanhos e posteriormente, os pesquisadores ensinaram cada voluntário a perceber pequenas variações de sons relacionados aos diferentes tamanhos de cômodo.

 

Após essa etapa, os pesquisadores criaram um modelo em 3D que era responsável por captar sons e reproduzir o eco de acordo com o tamanho da sala. Os voluntários faziam estalos com a língua e som dessa ação voltava diretamente para os fones de ouvido. Eles também foram colocados em aparelhos de ressonância magnética para terem seus cérebros analisados enquanto usavam a técnica de ecolocalização.

 

Os voluntários que apresentam os piores resultados diferenciaram os cômodo sem cerca de 16% de tamanho. Já aqueles que apresentaram melhores resultados conseguiram diferenciar salas com apenas 4% de variação no tamanho. Os cientistas ficaram surpresos com o cérebro dos voluntários que enxergavam normalmente. O córtex motor, parte do cérebro responsável pelo movimento, ficava mais ativo quando o cômodo virtual era maior.

 

Em outras palavras, o cérebro dos voluntários agia como se estivesse no local onde o som foi produzido.No voluntário deficiente visual,o córtex visual continuava ativo, reforçando a tese que eles podem “visualizar” as ondas sonoras.

 

Mas, como o estudo foi feito com um número pequeno de voluntários,não se pode concluir com muita clareza sobre o assunto.No entanto, a pesquisa apresenta um forte indício de que pessoas que possuem visão podem desenvolver a técnica da ecolocalização.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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