Saiba como Galileu Galilei calculou o tamanho do Inferno de Dante

de Otto Valverde 0

Não há quem diga que Galileu Galilei não fez a diferença no mundo. Suas descobertas levaram para novas questões nunca observadas antes. Suas contribuições foram extremamente importantes, principalmente nos campos da Física, Matemática, Filosofia e Astronomia.

Entre suas principais descobertas, podemos citar: ele foi a primeira pessoa a aprimorar o telescópio e a apontá-lo para Saturno, descobriu as maiores luas de Júpiter, foi acusado de heresia por defender o modelo Heliocêntrico, entre outras coisas. Mas você sabia que Galileu Galilei também foi o responsável por calcular o tamanho do Inferno de Dante?  

Relatos

No século 14, Dante Alighieri criou uma representação do inferno, em seu épico “A Divina Comédia”. No livro, o poeta conta como passagem pelo paraíso, purgatório e no inferno. Seus relatos sobre o submundo impactaram a sociedade daquela época.

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Segundo Larry Jimenez, do portal KnowledgeNuts, no século 16, o italiano Galilei foi chamado pela Academia de Belas Artes de Florença para estipular o tamanho do inferno. Na época ele tinha 24 anos e já era um matemático respeitado. Para realizar o seu estudo, tomou como base uma análise realizada por Antonio Maneti, um arquiteto florentino. 

Maneti, que também era matemático, relatou o inferno como um imenso abismo no formato de um cone, cujo final chegava exatamente no centro do Planeta. Segundo ele, a entrada para esse lugar temível estava próxima à cidade de Cuma, na Itália. Esse espaço teria se formado quando Lúcifer caiu na Terra após a briga contra Deus. 

Conforme Dante havia escrito, o abismo tinha nove níveis e sua base estava na cidade de Jerusalém. O Diabo vivia na base do poço e sua casa era protegida com um grande domo. Foi com essas informações e um trecho escrito por Dante, “o Sol já começava a surgir na fímbria do horizonte, cujo meridiano é o ponto mais alto de Jerusalém”, que Galileu começou o seu trabalho. inferno-de-dante_3

Arquitetando

De acordo com Larry, o primeiro passo de Galileu foi concluir que o diâmetro da base do abismo deveria ser igual ao raio do planeta. Depois disso, ele calculou que entre Jerusalém e Cuma havia uma distância de 2,7 mil quilômetros. Foi então que Galileu calculou que o círculo do inferno poderia ser contado como um diâmetro com cerca de 5,5 mil quilômetros.

De acordo com seu estudo, Galileu concluiu que a abertura do cone teria um ângulo de 60 graus. Utilizando escalas proporcionais e comparando os relatos de Dante, o poeta italiano concluiu que o Diabo tinha 1.180 metros de altura. Segundo Larry, os cálculos de Galileu mostraram que a casa do Diabo se estendia de Marselha, na França, até Tashkent, no Uzbequistão.

Mas os cálculos não param por aí. Você já pensou na espessura que o domo deveria ter para não comprometer o próprio sono? Para calcular isso, Galileu tomou como referência o Duomo da catedral de Florença, que possui 45 metros de largura e 4 m de espessura. Foi então que o matemático concluiu que o teto do casebre do capiroto deveria ter 460 metros de grossura.

Erro detectado

Mas se o teto da casa do Diabo tivesse 460 metros de espessura e milhares de quilômetros de extensão, ele teria grandes chances de desabar devido ao peso. Porém, quando Galileu apresentou seus resultados aos integrantes da Academia de Florença, ninguém percebeu esse erro de cálculo.

Foi em uma aula sobre seus cálculos, na Universidade de Pisa, que Galileu percebeu que o domo não poderia ser calculado através da aplicação de escalas proporcionais. O correto a fazer seria ter levado em consideração a mudança da resistência dos materiais, de acordo com a dimensão do aumento da obra. Mesmo identificando o erro, ele não contou para ninguém o equívoco.

Foi graças a esse deslize, que Galileu escreveu o livro “Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno à due nuove scienze” — ou simplesmente “Duas Novas Ciências”. Na obra, ele descreve a Lei do Quadrado-Cubo, que é usada por engenheiros e cientistas até hoje. A lei apresenta os fundamentos da Mecânica como uma Ciência, marcando o fim da Física Aristotélica e o começo da Ciência Moderna.

[ The Guardian / ABC  ] [ Fotos: Reprodução / Wikipédia / Wikipédia

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