Rússia vai reabrir investigação sobre a morte misteriosa de 9 montanhistas em 1959

de Merelyn Cerqueira 0

Um mistério ronda a morte de nove montanhistas que, em fevereiro de 1959, resolveram passar a noite sob o pico dos Montes Urais, conhecido como Kholat Syakhl (Montanha dos Mortos). Eles estavam em uma expedição planejada para durar 16 dias quando, com apenas uma semana de caminhada, morreram misteriosamente.

O caso, que envolveu oito homens e duas mulheres e ficou conhecido como “incidente do Passo Dyatlov”, recentemente foi reaberto pela polícia russa sob a promessa de que finalmente derrubaria todas as teorias sobre a morte dos montanhistas.

“Todas as mortes estão de alguma forma ligada a um fenômeno natural”, disse Alexander Kurennoi, porta-voz da promotoria russa, acrescentando que apesar de ter passado 60 anos desde que os corpos foram encontrados em posições estranhas e com ferimentos incomuns, as pessoas ainda querem respostas, de acordo com a Vice. 

Para compreendermos o mistério por trás do incidente, devemos considerar muito mais do que a posição dos corpos. Tenha em mente, primeiramente, que todos da expedição morreram na mesma noite, exceto um montanhista que voltou mais cedo para casa por causa de problemas cardíacos.

A rota feita por eles era conhecida pelo grau de dificuldade. Como o grupo era formado por montanhistas experientes, acampar no local não deveria ter sido um problema. Logo, apenas quando se passaram os 16 dias previstos para a volta, que não ocorreu, uma equipe de resgate foi acionada. 

Uma vez dentro da montanha, o grupo de buscas encontrou a barraca que os montanhistas haviam armado. Ela estava abandonada e rasgada. Além disso, o acampamento estava vazio, com todos os pertences e sapatos.

O que parecia era que eles haviam deixado o local às pressas, deixando para trás oito pegadas, algumas com meias e outras descalças. Apenas uma pessoa parecia estar usando sapatos. 

Yudin abraçando Dubinina antes de deixar a expedição.

Os primeiros corpos foram encontrados dias depois. Eles pertenciam a Yuri Doroshenko e Yuri Krivonischenko, e estavam a cerca de 1,6 km do acampamento, cercados por uma pequena fogueira abaixo de um pinheiro. Eles estavam usando apenas roupas de baixo. Próximo da mesma árvore encontraram os corpos de Rustem Slobodin, Zinaida Kolmogorova e Igor Dyatlov, líder da expedição, que parecia ter tentado voltar ao acampamento. 

Os últimos quatro montanhistas foram encontrados apenas dois meses depois, quando parte da neve na região derreteu. Os corpos estavam em uma gruta a 75 metros do mesmo pinheiro. No entanto, eles estavam bem agasalhados.

Nicolai Thibeaux-Brignolle, Luda Dubinina, Semyon Zolotarev e Zina Kolmogorova foram encontrados congelados nos Montes Urais.

O que a polícia considerou no início era que o incidente representava apenas uma expedição que havia dado errado, já que a causa da morte, analisada por peritos nos primeiros cinco encontrados, foi hipotermia.

No entanto, a razão da morte dos outros quatro foi mais estranha. Eles haviam sofrido ferimentos graves. Lyudmila Dubinina, por exemplo, foi encontrada sem olhos e sem a língua. Dubinina e Semyon Zolotaryov estavam com grandes fraturas no peito e Nikolai Thibeaux-Brignolles com o crânio partido. 

Mais curioso do que isso só o fato de que os ferimentos pareciam ter sido causados por um acidente de carro, uma vez que eram todos internos, como se tivessem sido esmagados por uma força ou choque mecânico de grande proporção.

Além disso, foram encontrados traços de radiação nas roupas e coloração estranha na pele. Os corpos também haviam envelhecido de maneira extremamente prematura.

A polícia considerou essa situação como “poder espontâneo da natureza” e rapidamente encerrou o caso, deixando para trás uma série de teorias envolvendo óvnis, teste de armas nucleares, avalanches, histeria coletiva e outras possibilidades que fomentaram comentários e dúvidas à época, especialmente com teorias conspiratórias.

A reposta oficial poderá vir em breve, uma vez que a promotoria planeja enviar investigadores até o local das mortes, mas eles já descartaram qualquer possibilidade de ação criminosa.

Apesar da investigação que ainda será iniciada, o porta-voz da promotoria russa parece já ter a resposta para o crime: “Não há nenhuma prova, mesmo indireta, em favor da versão criminosa. Foi uma avalanche, uma laje de neve ou um furacão”, sugeriu Alexander Kurennoi.

Fonte: El País / Daily Mail / CNN Fotos: Reprodução / El País

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