“Relógio mestre” poderia estar no controle de todos nossos ritmos circadianos

de Merelyn Cerqueira 0

Cientistas estudaram o padrão de ritmos circadianos e descobriram que um relógio central em nosso corpo poderia controlar vários outros ao mesmo tempo.

Por meio de testes feitos em moscas da fruta – que assim como os seres humanos têm vários relógios circadianos que afetam o ritmo de seus processos biológicos diários – pesquisadores encontraram evidências de um único relógio “mestre” que poderia controlar todos os outros. 

A equipe acredita que a descoberta finalmente oferece uma prova experimental de que o chamado modelo de oscilador acoplado modera os ritmos diários de nossa fisiologia e comportamento. 

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“Esta é a primeira descrição experimental abrangente de um caminho que liga relógios circadianos, e mostra que o modelo de oscilador acoplado é realmente verdade em certos casos”, explicou um dos pesquisadores, Christian Wegener, da Universidade de Würzburg, na Alemanha. 

Os pesquisadores centraram a pesquisa em uma via neuronal (um relógio principal teórico) que liga o relógio circadiano no cérebro da mosca da fruta a um relógio periférico em sua glândula protorácica, responsável por sintetizar hormônios esteroides.

A glândula foi escolhida porque é ela que dá sinal à mosca da fruta para sair do ovo – um processo estritamente temporizado que normalmente ocorre no início da manhã. 

Por meio de estudos anteriores, os pesquisadores já sabiam que tanto o relógio do cérebro quanto o da glândula estavam envolvidos no período de encubação. A questão, no entanto, era determinar como eles sincronizavam.

A equipe foi capaz de identificar certos tipos de neurônios, chamados PTTH, que passam informações de tempo do relógio central do cérebro ao periférico da glândula protorácica.

Em seguida, em experimentos de acompanhamento, os relógios circadianos das moscas foram reduzidos, o que fez com que o ritmo de incubação fosse esticado até um ciclo de 27 horas de seu habitual, de 24 horas.

O mesmo efeito foi observado quando o relógio cerebral foi desacelerado, resultando novamente no ciclo de incubação de 27 horas. Enquanto isso, quando relógio central do cérebro foi deixado para funcionar normalmente, o da glândula periférica foi abrandado.

Desta forma, o ritmo de incubação permaneceu em 24 horas. Isso sugere que o relógio principal é que regula todo o tempo – pelo menos neste caso particular. E, como a via neuronal estudada era semelhante ao sistema encontrado no ritmo circadiano dos mamíferos, podemos aplicar o contexto aos humanos.

Contudo, mais pesquisas são necessárias antes que possamos ter certeza disso, embora o estudo evidencie que nosso relógio mestre mantenha o comando. Nos seres humanos, pensa-se que o relógio principal esteja localizado núcleo supraquiasmático, uma região do hipotálamo constituída por cerca de 20 mil neurônios. A pesquisa foi publicada na revista Nature Communications .

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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